A – Introdução à ideia da evolução e à ideia dos caminhos

Já falamos, no post Fases da Busca Interior, sobre as três fases da busca: a cura, o desenvolvimento e a evolução.

Vimos que essas fases podem ser consideradas como aspectos, ângulos, ou pontos de vista, aos quais podemos colocar ênfase, dependendo da situação da pessoa em cada momento particular da sua busca.

Sob certo ponto de vista, podemos considerar estas fases como sendo faces da busca interior.

E isso porque, como também já dissemos no post anterior, em algum momento poderemos estar trabalhando, simultaneamente, em duas destas faces: cura e desenvolvimento ou desenvolvimento avançado e evolução.

Mas ao mesmo tempo, e por outro ponto de vista, podemos conceber esses três processos não como faces, mas como etapas sucessivas da busca.

Nesse caso, a evolução será a etapa mais avançada.

No presente post, vamos abordar, mais profundamente, a ideia da evolução de um ser humano.

Como consequência, vamos trazer, também, a ideia dos diferentes caminhos de busca interior.

Com tais ideias, nos será possível deixar bem mais clara a natureza do trabalho interior realizado aqui no Grupo.

B – Os passos da evolução possível ao ser humano

Dissemos no tópico anterior que, do ponto de vista das etapas do processo da busca interior, a evolução é a etapa mais avançada.

Chegar a ela requer que já tenhamos percorrido um bom percurso.

Para o que segue abaixo, estaremos supondo que o eixo da vida da pessoa que busca já está, no mínimo, no nível da Saúde Relativa e tendendo ao Bem-Estar.

Tentemos vislumbrar agora, os passos sucessivos visando realizar a evolução possível ao homem:

  • Em primeiro lugar, teremos de cuidar para que as causas do mau funcionamento das partes inferiores deixem de atuar (veja a ideia de partes inferiores e partes superiores em Estrutura e Funções do Ser Humano).

Devemos estudar estas causas, as suas origens, os seus antídotos, e as possibilidades de melhoras nesse pormenor.

  • Depois, devemos buscar fazer com que elas, essas partes inferiores, possam trabalhar dentro da sua zona de funcionamento normal.

Muitos hábitos indevidos foram formados; haverão de ser modificados.

  • Então – e esse já é um estágio um pouco mais avançado – devemos buscar levar o funcionamento das inteligências inferiores ao seu limite possível.

Buscar e manter esse nível de funcionamento, vai requerer muito conhecimento, e muita assistência e dedicação.

Até aqui estivemos falando das funções ditas inferiores.

Mas continuemos:

  • O funcionamento mais aperfeiçoado das funções inferiores, irá nos conectar com as funções superiores.

No princípio essa conexão será fortuita: eventual, de curta duração e quase imperceptível; com o decorrer do trabalho, a conexão tornar-se-á mais estável: mais frequente, mais duradoura, e mais profunda, digamos assim.

Essa conexão de melhor qualidade tem muitos aspectos e nos traz muitíssimas novas possibilidades. Estamos falando de possibilidades que não estavam até então abertas a nós, antes que a conexão com as funções superiores se estabelecesse.

  • A partir de então, o verdadeiro trabalho interior começa.

Certas ideias – sobre o ser humano, sobre o mundo e sobre a divindade – só nos serão acessíveis a partir deste ponto.

Ao mesmo tempo, muitos sentimentos, intuições e inspirações, começarão a chegar a nós, manifestações que antes não nos eram possíveis, não chegavam a nós. Ou se chegavam, era de modo tão esparso, tão tênue e tão fugaz, que era o mesmo que não chegassem.

C – Um alerta sobre a ideia de evolução

A ideia de evolução precisa ser considerada com muitíssimo cuidado.

O homem contemporâneo está viciado com a ideia de evolução, tal como foi interpretada – e digamos de passagem, mal interpretada – a partir dos escritos de Charles Darwin.

De acordo com essa interpretação – que, repetimos, é indevida, porque nada nos textos do Darwin fundamenta tal interpretação – a evolução pode ocorrer de modo automático, independentemente do esforço daquele que evolui; ou seja, com a simples passagem do tempo.

E esta interpretação torna-se particularmente indevida, quando a levamos para o campo da evolução de um ser humano, individualmente considerado.

No devido tempo, estudaremos muito detalhadamente esse tema da evolução, assim como o seu contrário, ou seja, a involução ou a degeneração.

Sim, porque um dos maiores erros do pensamento comum, é confundir-se nesta questão; e considerar muitos casos de fenômenos de degeneração, como se fossem casos de fenômenos de evolução.

Por ora, afirmaremos apenas que o homem não pode evoluir automaticamente.

Só a evolução consciente é possível.

O homem só pode evoluir – caminhar por aquelas etapas que foram descritas no tópico anterior, e de modo a realizar todas as reais possibilidades do seu ser – através de esforços conscientes.

E através de esforços conscientes seus e de outras pessoas, quer sejam pessoas que o estejam orientando, quer sejam pessoas que estejam caminhando ao seu lado, seus colegas de busca.

D – O caminho é o percurso que permite a evolução

Chegados até aqui, já podemos começar a falar sobre a ideia de caminho.

Dissemos que o homem é um ser incompleto; que há partes que não funcionam nele; mais, que as partes que funcionam, o fazem de modo incorreto.

Dissemos, também, que a evolução é possível; e esboçamos, em linhas muitíssimo gerais, os passos de tal desenvolvimento especial.

Afirmamos ainda que a evolução, embora possível, não é automática, e requer esforços conscientes.

Ao longo dos milênios e dos séculos, os homens que detinham o grande conhecimento, procuraram transmiti-lo aos que pudessem e quisessem buscá-lo.

Cada um desses generosos homens tomou a seu encargo orientar pessoas, interessadas em levar a cabo um trabalho para realizar o seu próprio ser.

E cada um destes sábios delineou um percurso, ou seja, um conjunto de ideias, princípios, regras, métodos e práticas, para servir de suporte a tal trabalho.

A cada um destes percursos que permite a evolução, damos o nome de caminho, ou de caminho de busca interior.

E – Os tipos ou as classes de caminho

São muitos os caminhos.

São tantos quantos foram os seres mais desenvolvidos que se dispuseram a trabalhar com as pessoas, visando o aperfeiçoamento destas.

E isso nos muitos milênios e séculos dos quais temos notícia e, ainda, naqueles dos quais nem notícia temos.

São, portanto, centenas de caminhos.

Mas para efeitos de estudo e visando a um fim prático, os homens que se dedicam ao trabalho sobre si fazem, de quando em quando, classificações destes caminhos.

Essas classificações criam o que, aqui, chamaremos de tipos de caminho ou de classes de caminho.

Há mais de uma classificação dos tipos de caminho; alguma pode ser mais geral, outra mais detalhada.

Todas nos são úteis, cada uma a seu modo, pois nos mostram ou colocam em relevo, as características do mestre, dos métodos, dos buscadores, e etc., demandadas por este ou por aquele tipo de caminho.

Geralmente a classificação destaca os tipos de homens a que cada tipo de caminho se destina. Assim:

  • uma classificação fala em caminho do faquir, caminho do iogue e caminho do monge.

O caminho do faquir, é mais apropriado ao tipo de homem – de ser humano – que tem o centro do seu ser na inteligência do corpo.

O caminho do iogue, ao homem mais afeito à inteligência do pensamento.

O caminho do monge, ao homem cuja inteligência mais proeminente é a do sentimento.

  • Outra classificação procede de um modo um pouco diferente.

Numa classe de caminho coloca, como centro do método, o corpo físico – a sua inteligência motora, e a sua extrema capacidade imitativa.

Noutra classe coloca ainda o corpo físico, mas agora a sua inteligência instintiva, ou seja, aqui o foco é o domínio das funções instintivas.

Em outra classe coloca o foco na devoção.

Em outra classe, o foco está no intelecto, no sentido de controle das atividades mentais.

E em outra classe, ainda, o domínio da consciência.

F – Os tipos de pessoas e os caminhos

O que o tópico anterior nos mostra, de forma bastante clara, é que há tipos de caminhos mais propícios, digamos assim, a homens de certo tipo, e caminhos mais apropriados a homens de outro tipo.

  • Assim, um homem com tendência predominantemente física – o homem da ação, da iniciativa para a ação, do movimento, da atividade física – terá muito maior facilidade para adaptar-se a um mestre cujo caminho seja o caminho do corpo, no sentido de inteligência motora.
  • Esse tipo de homem pode ter dificuldades, e às vezes tremendas dificuldades, para seguir um mestre e seus métodos, se estes enfatizarem o uso árduo da mente.
  • O mesmo tipo de facilidade, ou de dificuldade, ocorrerá com um homem com essência acentuadamente emocional, se tiver que seguir num caminho da classe do caminho do monge, por um lado, ou num caminho do tipo da yoga da mente, por outro.
  • E assim por diante.

O que é importante notar aqui – e foi por isso que trouxemos esse assunto dos tipos de caminho – é que os caminhos específicos, criam bastante facilidade para alguns tipos de seres humanos.

Facilitam as coisas para eles, digamos assim.

Desse ponto de vista, esses caminhos específicos são louváveis, ainda mais quando levamos em conta as dificuldades naturais que esperam o homem na senda da sua evolução.

Mas tais caminhos têm uma limitação congênita: se desenvolvem muito bem aquela face que o homem tem mais facilidade para ver desenvolvida, por outro lado, não desenvolvem os outros aspectos do seu ser. Em outras palavras:

  • Formam um faquir sem raciocínio ou sem sentimento. Pode fazer coisas incríveis com o seu corpo, mas não sabe o que fazer, nem porque fazê-lo.
  • Ou, formam um monge com toda a fé e sentimento, mas sem discernimento, ingênuo como uma criança.
  • Ou formam um iogue capaz de fazer o que quer que seja com a sua mente, mas que é incapaz de se virar em meio à complexidade da convivência no mundo humano.
  • E assim por diante.

G – A classe de caminho baseada na compreensão

Uma das classes de caminho, é aquela baseada na compreensão.

Ela não enfatiza, particularmente, nenhum dos aspectos do ser humano; procura desenvolvê-los em equilíbrio.

Num momento, vai fundo num aspecto; e depois deixa tal aspecto sem qualquer atividade especial por um tempo.

Então vai fundo em outro aspecto.

E assim prossegue.

Mas o tempo todo enfatiza a compreensão.

compreensão é também um termo que requer explicação.

Mas não é um termo fácil de ser explicado.

E isso por uma razão muito simples: a compreensão é uma daquelas faculdades – ou poderes ou capacidades – que o homem se atribui como se a possuísse, mas que raramente a possui.

Ou, no mínimo, possui muito menos do que pensa que possui.

compreensão é uma função que depende das partes superiores, é uma função superior.

Nós estudaremos de modo aproximativo, e no devido tempo, a ideia da compreensão.

De modo aproximativo quer dizer: primeiro num nível, depois num nível mais elevado, por um ângulo, depois por outro, e assim por diante.

caminho da compreensão é o mais exigente de todos, mas é sem qualquer dúvida, o mais completo de todos:

É o que nos leva mais longe, e de modo mais equilibrado e integral.

E aquilo que pudermos obter neste caminho, nós muito raramente perderemos.

Uma escola do quarto caminho – o caminho da compreensão – demanda muitas atividades variadas, voltadas cada qual para um aspecto do ser.

Esse é outro motivo pelo qual caminho da compreensão é o mais exigente.

H – Modalidades exclusivas do Grupo Busca Sagrada Cristã Supra Consciente

De todo modo, o importante é fixar que aqui, no grupodecasais-busca-scsc, nós seguimos o caminho da compreensão.

E, tendo o caminho da compreensão como pano de fundo, trabalhamos a cada momento numa das modalidades de práticas do Grupo, a saber:

  • Massagem SCSC,
  • Meditação SCSC,
  • o Sexo-SCSC,
  • o Estudo das Ideias,
  • o trabalho especial na purificação do emocional, e
  • a lembrança d’O Nosso Ser Maior.

Procuremos, agora, esclarecer o significado preciso da palavra modalidade, que acabamos de usar.

No tópico D deste post escrevemos:

“E cada um destes sábios delineou um percurso, ou seja, um conjunto de ideias, princípios, regras, métodos e práticas, para servir de suporte a esse trabalho.”

Pois bem: os “métodos e práticas” formam o que, aqui, chamamos de modalidade.

Algumas escolas ou mestres seguem as mesmas ideias, princípios e regras que outras escolas ou outros mestres; mas se diferenciam pelos seus métodos e práticas, isto é, por suas modalidades de trabalho.

Isso tem a ver, entre outras coisas, com as especialidades que os mestres, os fundadores da escola, dominam melhor.

Para falarmos sobre os fundamentos gerais das três primeiras das modalidades citadas, dedicamos três partes inteiras deste site, com vários posts em cada uma delas.

Quanto à parte prática de cada uma dessas modalidades, falamos sobre elas no menu Participe na Prática.

I – Conclusão: buscamos a evolução, através do grande caminho da compreensão

Neste post começamos aprofundando um pouco mais a ideia da evolução.

E demos uma noção muito resumida, dos passos sucessivos na busca interior para se chegar a ela, à evolução.

Então, falamos da ideia de caminho, e dos tipos de caminho.

Falamos, por exemplo, de uma das classificações: o caminho do faquir, o caminho do monge e o caminho do iogue.

Em seguida, introduzimos a ideia de um quarto caminho, o caminho da compreensão.

Dissemos que o caminho da compreensão é o mais exigente, mas é o que nos leva mais longe na busca interior.

Além disso, o que obtivermos por meio dele, raramente perderemos.

Por último, vimos que aqui no grupodecasais-busca-scsc seguimos o caminho da compreensão e, dentro dele, trabalhamos nas seis modalidades de práticas do Grupo.

 

E quanto a você? Está ficando um pouco mais clara para você a ideia geral da busca interior? Ficou um pouco mais claro, também, o lugar e o papel da evolução no contexto de todo o trabalho interior? Pelo pouco que falamos a respeito, já sente-se atraída ou atraído pela ideia do caminho da compreensão?

 

Entre em contato agora: escreva um e-mail para euclides@grupodecasais-busca-scsc.org

 

Foto: autoria desconhecida

 

3 comentários

  1. Textos muito bem escritos, trabalho bastante interessante!

  2. O ser humano vivencia mudanças e continuidades ao longo de todo o seu processo de desenvolvimento. as suas escolhas são feitas dentro de certos limites e padrões, condicionados pelos processos de construção sócio-histórico. Em se tratandodo curso da vida, a infância, a adolescência e todos os demais estágios constituem exemplos de padrões desenvolvidos pelo indívíduo em suas interações e reconstruções com o ambiente.
    É uma tarefa desafiadora contemporânea, a complexidade do fenômeno de desenvolvimento humano requer a integração de diferentes campos. Uma das tentativas recentes nessa direção foi a Ciência do desenvolvimeto.

  3. Supomos tantas coisas a respeito do trabalho interior e de evolução.
    Supomos que entendemos textos, ideias, a nós mesmos, uns aos outros…
    Em relação à teoria de Darwin citada acima e a tantas outras ideias que temos contato ao longo da vida, vamos aceitando e armazenando tudo sem saber o que significa, sem compreender.
    A ideia do Caminho da Compreensão é bem atraente.

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