Base Emocional e Sofrimento Humano

A – Introdução: a base emocional é a origem de quase todo o sofrimento humano

Nesta parte do site falaremos sobre a modalidade de trabalho, exclusiva do GrupoDeCasais-Busca-SCSC, que chamamos de Massagem -SCSC.

A cada post iremos nos aprofundando no assunto.

Queremos formar uma boa base de compreensão, até chegarmos a poder falar, com propriedade, sobre a Massagem-SCSC.

Neste primeiro post, vamos discorrer sobre o fato de que a base emocional é a origem de quase todo o sofrimento humano.

E devido a isso, com cada uma das pessoas que juntarem-se a nós no Grupo, vamos estabelecer como uma das nossas metas gerais: fortalecer o emocional de modo exponencial, ou seja, buscar desenvolver a potência emocional.

B – Mundo emocional e potência emocional

Relembremos a figura com que temos representado a estrutura geral do ser humano.

Já dissemos, no post Estrutura e Funções do Ser Humanoque aquela figura tem duas grandes partes: a cobertura, e as três bases.

E chamamos a grande parte superior, a cobertura, de Nosso Ser Maior.

E sobre a grande parte inferior, dissemos que cada uma das suas três bases são: a base bioenergética, a base emocional e a base mental.

Todos nós, seres humanos, temos cada uma dessas três bases.

O que nos diferencia, ou seja, diferencia os seres humanos entre si, é o quanto cada uma dessas três bases está desenvolvida em cada pessoa.

Considerando cada base em particular, ela pode estar mal desenvolvida: ter pouca energia, hábitos de funcionamento indevidos e, consequentemente, ter pouca força, não ter potência.

Inversamente, a base considerada pode estar bem desenvolvida: ter bastante energia, hábitos de funcionamento apropriados e, consequentemente, ter muita força, ter potência.

Portanto, cada um de nós pode ter – ou não ter – potência emocional, potência mental ou potência bioenergética.

Neste post vamos nos concentrar apenas na potência emocional.

Ter ou não ter potência emocional muda toda a nossa vida, sob muitos pontos de vista, como veremos neste post e nos seguintes.

C – Fortalecer o emocional de modo exponencial

Desde já devemos deixar muito claro: ao usarmos a expressão potência emocional, estamos falando de um emocional fortalecido de modo exponencial, se comparado com o mundo emocional das pessoas comuns.

Não se trata de uma pequena melhora, ou mesmo de uma boa melhora; trata-se de buscar um emocional funcionando em outro nível, muitíssimas vezes mais forte, e bem orientado, do que o emocional comum.

Claro que sempre estaremos levando em conta que a Natureza não dá saltos; ela se desenvolve sempre de modo compassado, isto é, passo a passo.

Nós sabemos disso e você, persistente leitora ou persistente leitor, logo também vai ficar sabendo.

  • vai saber que serão necessários esforços consistentes e perseverantes;
  • e que esses esforços, também, hão de ser inteligentes, no sentido de serem baseados em grande conhecimento;
  • e, por último, vai saber que os esforços deverão ser respaldados em boa dose de energia suplementar.

Mas, seja qual for o custo desta empreitada, a nossa meta é o que nos dará força:

  • e a nossa meta é: criar, desenvolver e depois estabilizar – para manter para sempre em você – a potência emocional.

D – O requisito da compreensão

Talvez possa ocorrer agora a você a seguinte pergunta: “se a pessoa que escreveu este post” – eu, no caso, o autor – “tem conhecimento, energia e disposição em dose necessária e suficiente, para bem empreender esse trabalho, por que eu tenho que estudar todo esse assunto? Por que não agendamos logo um horário e começamos a trabalhar?”

E a resposta a essa pergunta é muito simples: o requisito da compreensão é fundamental.

A nossa meta é criar, desenvolver e manter de modo estável e perene a potência emocional.

Como veremos com o tempo, o progresso no alcance da nossa meta depende, entre outras coisas, da ampliação da nossa compreensão.

Melhor seria colocarmos da seguinte forma: quanto maior a compreensão, mais fácil torna-se caminhar até o completo e cabal atingimento da meta.

E a nossa compreensão deve se ampliar em três grandes direções:

  • numa direção mais específica, relacionada à questão emocional em si;
  • numa direção mais ampla, relacionada à questão do nosso ser como um todo;
  • e numa direção ainda mais geral, relacionada ao Universo e à nossa relação com Ele.

No tópico anterior, falamos em buscar um emocional funcionando em outro nível, muitíssimas vezes mais forte que o funcionamento do emocional comum; isso só é possível com a compreensão.

Não estamos falando de terapia psicológica.

Ela tem o seu lugar, e é de muito valor para muitas pessoas, principalmente quando estão sofrendo, e precisam de ajuda.

Mas o trabalho aqui é outro. Vai muito além do âmbito da psicologia do Ser.

E por ir além da psicologia do ser, requer a compreensão.

E por requerer a compreensão exige, como passo inicial, que tenhamos entre nós uma linguagem comum.

Em outras palavras, exige que tenhamos uma visão comum, ainda que inicial e simplificada, do que é, e de como funciona, o mundo emocional:

  • dos seus planos ou níveis possíveis;
  • do seu papel na estrutura e no funcionamento geral do ser humano;
  • e, ainda, de qual o possível papel do emocional de um ser humano, considerado individualmente, no funcionamento do mundo ao redor dele.

Repetimos: o requisito da compreensão é fundamental.

Sem a compreensão não poderemos ir muito longe.

E – Um panorama do sofrimento humano

Vamos começar estudando o estado ordinário do mundo emocional, ou seja, o estado normalmente encontrado na grande maioria dos seres humanos.

Vamos chamar este estudo de: um panorama do sofrimento humano.

Como logo ficará claro a você, quase todo o sofrimento humano advém desse fato: o estado emocional da esmagadora maioria das pessoas é demasiadamente frágil e inconsistente.

Estudar, neste post, um pouco esse panorama, já vai nos dar alguns elementos para uma compreensão maior.

Os posts seguintes completarão o quadro.

F – Gangorra emocional

O ser humano comum vive numa gangorra emocional, na maior parte do tempo em sua vida.

Esse é um aspecto do sofrimento humano.

Você sabe o que é uma gangorra: aquele brinquedo em que se sentam uma pessoa de cada lado; e você, num dos lados, alternadamente vai ora lá para o alto e, estando depois já no alto, vai lá para baixo.

O parágrafo acima dá uma excelente imagem da vida emocional das pessoas.

Ora estão lá no alto: estão alegres, calorosas, expansivas, contentes, amigáveis, cordiais, de coração aberto, sorridentes, uma maravilha!

Num outro instante, às vezes distante do anterior, mas às vezes logo em seguida a ele, passam para a situação oposta, estão lá embaixo: estão tristes, ou mal-humoradas, ranzinzas, ásperas, de poucos amigos, retraídas, de cara amarrada, etc.

E sabe o que é mais incrível?

Se flagrarmos uma pessoa num momento desse, por exemplo lá no alto, e perguntarmos a ela “o que está acontecendo?”, ela vem e desfia uma penca de razões que justificam esse seu estado lá no alto.

E o que dizem são sempre razões externas, coisas que aconteceram no mundo fora delas.

Mas digamos que essa mesma pessoa, daqui a uma hora, passe para a situação inversa: está agora lá embaixo.

Perguntamos a ela: o que está acontecendo? E ela invariavelmente responde: aconteceu tal e qual coisa ao meu redor – fatos, acontecimentos, palavras de outras pessoas, etc. – e é por isso que estou assim.

O incrível disto, é que a própria pessoa não vê o mais importante: que foi o seu estado emocional que mudou da água para o vinho, como se diz.

Ela, a pessoa, realmente só percebe a mudança das circunstâncias exteriores.

Ela não enxerga a gangorra!

É como se uma criança, quando lá no alto na gangorra, dissesse:

“vejo a copa da árvore e a andorinha no galho! Foram elas que me puxaram aqui para cima.”

E depois, quando lá embaixo, a criança falasse:

“vejo a grama e a joaninha no chão! Foram elas que me puxaram aqui para baixo!”

Não, não e não!

As mudanças exteriores, por si só, não são suficientes para explicar: existe a gangorra!

No nosso caso, a gangorra emocional!

G – Reatividade emocional

Outro aspecto que devemos destacar, nesta panorâmica que estamos fazendo do sofrimento humano, é a reatividade emocional das pessoas.

Qualquer coisa as assusta; ou qualquer coisa as anima; enfim, tudo as faz reagir.

Qualquer pequena coisa – um gesto ou uma palavra de alguém, uma rajada de vento, um som mais forte, etc. – tudo as assusta.

E elas têm um sobressalto, há alteração na sua pulsação, na temperatura de partes do corpo, na salivação, na respiração, etc.

É claro, essas alterações geralmente são bem sutis e quase ninguém as percebe e, principalmente, nem mesmo a própria pessoa.

Por outro lado, as pessoas também são fracas no sentido inverso; qualquer pequena coisa as anima.

Uma notícia um pouco melhor – ainda que falsa, sem ter sido ainda verificada por elas – já as deixa excitadas, já as deixa querendo partir logo para realizar um desejo qualquer.

Um pequeno elogio, às vezes maquinal, e usado por profissionais da bajulação, já as leva às nuvens!

E assim por diante.

Devido a essa suscetibilidade exagerada, são sempre muito dependentes da opinião alheia a respeito delas.

Como gostava de repetir volta e meia um dos nossos queridos mestres: “estão sempre com o pires na mão!”

Algumas pessoas procuram florear essa suscetibilidade exacerbada, essa reatividade acachapante, dando-lhe ares de virtude: polidez, boa educação, etc.

E é claro que somos favoráveis à polidez e à boa educação!

Mas nunca como máscara para encobrir a reatividade emocional que, na esmagadora maioria das vezes, é o que está por detrás de muitos gestos humanos dóceis.

A reatividade emocional explica as dificuldades de, pelo menos, uma boa percentagem da população, com as suas próprias vidas: pessoas que não conseguem ganhar o pão de cada dia, não conseguem relacionar-se normalmente com outras pessoas, etc.

Por detrás de boa parte dessas histórias de fracasso – de 30 a 40% – há uma ou outra forma de reatividade emocional, nos seus mais variados graus.

A reatividade emocional é, portanto, outro aspecto do sofrimento humano.

H – Enrijecimento emocional

Há ainda esse outro caso, o enrijecimento emocional.

Este se disfarça bem melhor; é preciso um pouco mais de discernimento para vermos as suas manifestações; e nos darmos conta de que é o resultado de uma disfunção, de um mau funcionamento.

O enrijecimento emocional é, de certo modo, o contrário da reatividade emocional.

Na reatividade emocional, os eventos do mundo, ao reverberarem no psiquismo do ser, encontram uma condição tão fraca, tão amolecida – e que parece ser como que uma inflamação de caráter agudo, digamos assim – que a reação é imediata e bem visível.

Já no enrijecimento emocional, quando os acontecimentos do mundo ao redor chegam ao psiquismo do ser, acontece o contrário.

Encontram aí uma condição tão endurecida, tão fortemente e por tanto tempo retraída – e que parece ser como que uma inflamação de carácter crônico, digamos assim – que a reação visível exteriormente é mínima, quase imperceptível.

As reações emocionais, nesses casos, quase não se expressam no mundo; expressam-se quase que apenas internamente: nos músculos, nos tecidos, nos fluidos, na fisiologia do corpo em geral.

É claro que, com o passar tempo, acabam por gerar as mais diversas doenças: tumores, diabetes, disfunções hepáticas, etc.

As pessoas vítimas de enrijecimento emocional são vistas pelos outros geralmente de duas formas bem distintas.

Por um lado, podem ser percebidas como sendo apáticas, desmotivadas, indiferentes, etc.

Por outro lado, podem ser consideradas insensíveis, frias, entorpecidas, embutidas, etc.

Seja como for, o importante é compreendermos que se trata aqui, ainda, de um outro aspecto do sofrimento humano.

Seja pelo lado da reatividade, seja pelo lado do enrijecimento emocional, a grande maioria dos seres humanos sofre de disfunção emocional.

Há variação de grau, de pessoa a pessoa, mas a grande maioria oscila na gangorra emocional, em um ou outro desses dois grandes padrões de disfunção.

I – Trauma emocional

Há um dito antiquíssimo, vindo das tradições, que em uma de suas formas diz: quando o mar briga com a praia, o caranguejo é que sofre.

Podemos interpretar: quando temos duas forças poderosas brigando, a terceira, que está no meio, é que sofre as consequências.

Podemos aplicar isso na relação entre os três lados do nosso psiquismo.

Quando a nossa mente e o nosso corpo, o nosso mundo bioenergético, entram em severo conflito, é o nosso emocional que sofre.

Há muitos tipos de processos que geram sofrimento ao nosso mundo emocional.

Mas há dois desses processos que queremos destacar em particular porque, uma vez realizados, eles ficam gerando sofrimento por um tempo muito longo, às vezes pelo resto das nossas vidas.

O primeiro deles é o processo do trauma emocional.

O processo do trauma emocional é conhecido por algumas tradições há milênios.

Há um autor contemporâneo – segunda metade do século XX – que confessadamente se inspirou no conhecimento de índios norte-americanos, e aproximou-se muito do conhecimento tradicional.

A compreensão desse autor sobre como se processa o trauma emocional e, consequentemente, sobre como ele pode ser curado, é muito boa e muito útil.

Não vamos aqui entrar em muitos detalhes sobre o assunto, mas queremos destacar o seguinte: os traumas emocionais são muito mais frequentes na vida das pessoas do que pensamos.

Não são apenas as grandes desgraças, os grandes acidentes, etc., que geram trauma emocional.

Às vezes, para uma criança, algo que um adulto – ela, quando adulto – julga inofensivo ou pouco ofensivo, repetimos, para ela quando tinha três ou quatro anos, foi algo com que não pôde lidar.

O trauma emocional se processou.

E então fica reverberando daí por diante.

E segue crescendo como uma força cega e limitadora.

E o pior de tudo: na grande maioria das vezes, ninguém tem consciência da existência e dos efeitos do trauma emocional, nem mesmo a própria pessoa.

Esse é outro aspecto do sofrimento humano.

J – Gana emocional

No tópico anterior, referimo-nos ao trauma como uma força cega e limitadora.

A gana emocional é, de certo modo, o processo inverso do trauma emocional.

Quando instalada, torna-se uma força cega e impulsionadora: nos impele em direção a algo, e de maneira cega, ou seja, sem que haja qualquer funcionalidade, ou racionalidade, neste impulso.

A gana emocional – cuidado, a palavra gana tem também outras conotações nos dicionários – é apenas de certo modo o processo inverso do trauma emocional.

O trauma emocional se instala por condicionamento aversivo, a gana emocional se instala por condicionamento positivo – para usar uma expressão da psicologia comportamentalista. Seja como for, a principal diferença é apenas essa.

Quanto ao resto, a gana emocional gera os mesmos problemas para a pessoa que o trauma emocional: fica reverberando na sua vida, atuando e atuando, e sempre crescendo com o passar do tempo… anos… décadas.

E a sua expressão também é cega, não funcional e não racional, além de não consciente.

O problema com a gana emocional é que ela é um fenômeno praticamente desconhecido da ciência contemporânea.

No campo do trauma emocional há, na ciência contemporânea, muitas contribuições relevantes; já citamos uma delas.

Quanto à gana emocional, não há!

Nunca encontramos uma palavra sequer sobre esse fenômeno ou processo, em toda a literatura médica ou psicológica com que tenhamos nos deparado.

E apesar de geralmente desconhecida pelo homem contemporâneo, a gana emocional se manifesta em muitas pessoas, e está na base de muitas das suas manifestações bizarras: vícios, taras, compulsões, manias, dedicações extremadas a certos campos da vida, etc.

Vamos dar um pequeno exemplo, do qual participamos pessoalmente, para ilustrar melhor, uma vez que a gana emocional praticamente não tem referências claras na literatura corrente.

Certa vez atendemos uma pessoa que tinha problemas com o consumo de álcool.

Formada em medicina, trabalhava em hospital e atendia em clínica particular.

E conhecia a ideia do trauma emocional, até com certa desenvoltura.

Mas, por mais que revirasse a sua história pessoal, não via como o alcoolismo nela podia ser explicado como advindo de um trauma emocional.

Quando demos algumas pequenas indicações, claro que sob condições apropriadas, rapidamente compreendeu as suas manifestações como sendo decorrentes de gana emocional.

O caso acima é um excelente exemplo de gana emocional. Mas por razões de proteção da privacidade da pessoa paciente, não podemos dar mais detalhes sobre o caso.

Então vejamos outro exemplo, agora extraído de um caso real retratado pelo cinema. Assistindo ao filme, pode-se ver muitíssimos detalhes da expressão do fenômeno da gana emocional.

Trata-se do filme “O Caso de Richard Jewell”, dirigido por Clint Eastwood, e baseado no artigo de Marie Brenner, publicado na revista Vanity Fair: “Pesadelo Americano: a Balada de Richard Jewell”. Outros dois livros também foram escritos, trazendo fatos sobre o caso, e também serviram de material para compor o roteiro do filme.

Na cidade de Atlanta, em 1996, por ocasião dos Jogos Olímpicos, Richard Jewell, então com 33 anos de idade, estava trabalhando como segurança no Centennial Park quando, por uma série de circunstâncias, desconfiou que haviam posto uma bomba no Park. Notificou a polícia que atuava no momento no local. Fizeram cordão de isolamento. Veio o esquadrão anti-bombas. Mas não conseguiram desarmar a bomba a tempo. Ela explodiu. Fez uma vítima fatal. E mais de cem outras pessoas ficaram feridas.

A tragédia teria sido muito maior se Richard Jewell não tivesse agido.

Richard virou herói nacional do dia para a noite. Em poucos dias, entretanto, de herói passou a suspeito de terrorismo. Um concluio entre o agente do FBI responsável por investigar o caso, e uma jornalista de poucos escrúpulos, foi o suficiente para virar a vida do nosso personagem de cabeça para baixo. É nessa parte do filme que o nosso interesse pelo fenômeno da gana emocional começa.

Por mais que os integrantes do FBI se comportassem como uns verdadeiros sacanas, acusando-o levianamente, e tratando-o como se fosse um assassino, e um idiota, Richard Jewell continuava colaborando com eles, inclusive com toda a reverência de que era capaz. Ele próprio, Richard Jewell, não tinha a mínima consciência do que acontecia com ele. Não se dava conta da sua incapacidade de ver quem eram os seus algozes, da sua tendência a ser subserviente com o pessoal da polícia em geral, e com o FBI em particular, etc.

Apenas o advogado, que aparece no filme como sendo o defensor de Jewell, percebeu que algo estava errado com as atitudes do seu cliente. E esse advogado aparece várias vezes no filme denunciando esse fato.

Esse caso, do modo como está retratado no artigo e mostrado no filme, é uma ilustração claríssima do fenômeno de gana emocional. E dos seus efeitos devastadores na vida da pessoa afetada por esse mal.

Mas, como já dissemos, o fenômeno todo passa desapercebido para a imensa maioria das pessoas, justamente por ser fenômeno quase desconhecido.

Enfim, conhecida ou não, a gana emocional é mais um aspecto do sofrimento humano.

K– O ser humano comum sofre de debilidade emocional

Em boa parte deste post, estivemos falando sobre alguns dentre os vários aspectos do sofrimento humano: a gangorra emocional, a reatividade e o enrijecimento, o trauma e a gana.

A esmagadora maioria dos seres humanos comuns, com raras exceções, trazem no seu psiquismo uma ou mais dessas disfunções, desses fenômenos ou processos.

As exceções, quando existem, são de pessoas que já trataram, depois de adultas, uma boa parte disso.

E a consequência desse estado de coisas, isto é, de carregarem no seu psiquismo toda essa bagagem emocional inapropriada, é o que podemos chamar de debilidade emocional.

Vamos colocar as coisas na devida perspectiva: o sofrimento humano é inevitável.

Frustrações, desilusões, acidentes, doenças, e etc., fazem parte da vida humana.

Mas quando não há compreensão, tornam-se verdadeiros cavalos de batalha, constituem-se em fardos muito pesados.

E quando somos crianças, ou mesmo adolescentes, na esmagadora maioria das situações, não temos compreensão e nem temos como tê-la.

Sendo assim, a bagagem vai se acumulando.

E vira uma bola de neve: sofrimento gerando mais incompreensão… e mais sofrimento.

Tudo isso rouba energia emocional.

Depaupera nosso mundo emocional.

Vamos ficando pobres de energia emocional.

Com o tempo, chegamos ao quadro da debilidade emocional, ou seja, meia potência ou até impotência emocional.

Vamos tentar compreender bem, de que se trata essa tal debilidade emocional.

Temos força para nos levantarmos de manhã, ir trabalhar, estudar, talvez conhecer alguém, constituir família, etc.

Mas é tudo feito com bastante dificuldade; tudo parece, na maior parte das vezes, ou pelo menos em muitas das vezes, tudo parece pesado, arrastado, excessivamente custoso, etc.

A vida vai ficando cinza, perde o brilho de uma linda manhã de sol, estamos sempre querendo férias, mudanças de ares, etc.

Esse é o quadro da debilidade emocional.

Alguma das coisas descritas acima soa familiar a você?

L – Conclusão: potência, meia potência ou impotência emocional, e a meta nesse campo

Começamos o post dizendo que, em relação a cada uma das três bases da estrutura do nosso ser, podemos ter – ou não ter – potência.

E sem dúvida alguma, isso aplica-se também ao nosso mundo emocional, do qual estamos tratando nesta parte do site.

Afirmamos, então, que boa parte do sofrimento humano advém do fato de que o mundo emocional das pessoas geralmente é frágil e inconsistente.

Estudamos então os principais fatos que caracterizam o mundo emocional dos seres humanos comuns.

Vimos assim os vários aspectos do sofrimento humano.

E concluímos que o quadro que bem representa a vida emocional das pessoas, pode ser chamado de debilidade emocional.

Mas havíamos, já no início do post, estabelecido para nós uma meta:

  • fortalecer o emocional de modo exponencial, ou seja, buscar desenvolver a potência emocional.

Vamos continuar então, nos próximos posts, estudando o mundo emocional.

Mas mantendo sempre a meta em nossa mente, ok?

 

E quanto a você? Viu-se refletida, ou refletido, em algum dos aspectos do sofrimento humano que estudamos: gangorra, fraqueza, enrijecimento, trauma ou gana emocional? Que quadro está mais perto de representar o seu mundo emocional: potência emocional, meia potência ou impotência emocional? Faz sentido para você, no seu caso pessoal, dedicar-se para atingir a meta proposta, quanto ao seu próprio mundo emocional?

 

Entre em contato agora: escreva um e-mail para euclides@grupodecasais-busca-scsc.org

 

Foto: Luis Galvez

 

7 comentários

  1. Tópico muito interessante, realmente difícil não identificar um momento ou episódio de nossas vidas que não foi marcado por alguma dessas desarmonias emocionais, mesmo para quem não está acostumado a realizar esse tipo de exercício/reflexão. Aqueles que o fazem provavelmente percebem que foi bem mais do que um momento ou episódio isolado.
    Na minha interpretação a apresentação dos conceitos aponta um caminho de equilíbrio frágil entre o “sentir demais” e a insensibilidade, entre o trauma e a gana. Mas ainda mais importante: abre nossos olhos para a existência desses estados e a possível influência que eles possuem na forma como conduzimos nossas vidas. Um belo texto.

  2. Muito preciosa essa analogia da gangorra para os nossos mecanismos emocionais de extremos e consequente desequilíbrios. A cena da copa das árvores ou da grama nos capturando/sugando mostra bem o quanto nos identificamos com tudo que está fora e desconhecemos o que está dentro. Nossos gatilhos, carências e dependências emocionais ditam nossa vida e esquecemos quem somos, nosso centro, nosso eixo. Texto importantíssimo!! Grata.

  3. De fato vivemos com um pires na mão, sem nos darmos conta de nossa situação. Muito bem ilustrada. É tão claro perceber quando nos é apontado! rs
    Percebo minha oscilação e também percebo que quando estou mais centrada, mais potente, creio, não sinto necessidade de férias ou de mudar de ares. Vejo essas “necessidades” como sintomas mesmo de nosso emocional impotente, muito comuns nas conversas. Como se fossem soluções possíveis para nos resgatar de como estamos vivendo… Bela reflexão.
    A parte da GANA que não entendi muito bem, pra ser sincera.
    Agradeço.

    1. Caríssima Violeta, olá! Você diz: “A parte da GANA que não entendi muito bem, pra ser sincera.”
      Comecemos com a sua expressão: pra ser sincera! Para um ser humano a maior sinceridade, a que mais o ajuda a progredir interiormente, é a sinceridade consigo mesmo; no seu caso, consigo mesma. Parabéns pela sinceridade! Perceber que não entendeu muito bem e expressar isto; parabéns! E obrigado, porque nos ajuda a buscar clarificar mais o texto.
      O processo do trauma
      Como a ideia do trauma é ideia que já está bem mais difundida na cultura – nas artes de entretenimento, no trabalho clínico, nos escritos da ciência, etc. – comecemos por ela. Vamos aqui descrever um pouco mais detalhadamente o processo do trauma. Vai nos facilitar depois compreender o processo da gana.
      No mundo animal quando um indivíduo – uma ave, uma lebre, um cervo, seja o que for – vive uma situação extremamente estressante, por exemplo o ataque de outro animal, esse indivíduo sempre tem à sua disposição três recursos: lutar, fugir ou congelar. Se os recursos de lutar ou fugir estão indisponíveis por qualquer razão, a natureza previu o recurso de congelar. Ou seja, o processo de se retrair ao extremo. Processam-se várias alterações fisiológicas no animal; por exemplo: os batimentos cardíacos caem ao seu nível mínimo, a respiração torna-se quase imperceptível, pouquíssimo consumo de energia, a temperatura do corpo cai muito, etc… Parece que o animal morreu. Se o perigo se afasta, algum tempo depois o animal sacode a poeira, como se diz, dá umas estremecidas, umas estrebuchadas, e sai andando por aí, todo garboso, como se nada tivesse acontecido.
      Com os seres humanos também ocorrem essas situações extremamente estressantes – situações limítrofes, que põem em risco a integridade física ou psicológica da pessoa. Quando ocorrem, além dos fenômenos fisiológicos diversos, acontece também uma mudança no nível de consciência da pessoa – as coisas parecem que ficam mais distantes…
      O problema com o ser humano nesses casos é que, mesmo terminada a situação de perigo, dificilmente ele “sacode a poeira… e sai andando por aí… como se nada tivesse acontecido”. Via de regra o estresse provocado naquela situação limítrofe fica inscrito, por assim dizer, na memória do seu sistema nervoso. E o processo vai gradativamente ampliando-se: para mais nuances da situação, para mais comportamentos da pessoa, etc. E fica limitando a vida da pessoa daí em diante: impedindo-a de agir espontaneamente, inteligentemente e criativamente, em todas as situações que se pareçam fortemente com aquela que gerou o trauma.
      O processo da gana
      O processo da gana guarda muita semelhança com o processo do trauma.
      Exceto que no caso da gana não é uma situação muito perigosa que se apresenta, uma situação que gera muito medo. Mas sim uma situação que gera um extremo desejo, um extremo impulso para fazer algo, para buscar obter algo, um impulso para agir muito forte.
      Todos já ouvimos incontáveis vezes as expressões das pessoas dizendo que uma dada criança queria tanto uma coisa – um brinquedo, um passeio, um doce… – que ficou excitadíssima, chegou até a ter febre… Esse é um caso de situação, dentre outras obviamente, em que o processo da gana pode iniciar-se.
      Já dissemos no post e vamos repetir aqui: “a gana se manifesta em muitas pessoas e está na base de muitas das suas manifestações bizarras: vícios, taras, compulsões, manias, dedicações extremadas a certos campos da vida, etc.”
      Estão incluídos aí os muitos casos extremos de meninas, crianças, querendo avidamente o carinho de um adulto mais velho; ou de um menino, criança, querendo avidamente o carinho, o toque ou o abraço de uma mulher mais velha que ele, etc. Podem se iniciar – nesses momentos de extrema avidez, de ganância – processos que, com o tempo, evoluem para o quadro que chamamos de gana.
      Outro exemplo de gana: outro caso real
      No texto do post falamos sobre um caso real de gana, com o qual tomamos contato na época em que trabalhávamos com uma pessoa.
      Vamos agora a outro caso real, para ilustrar ainda mais o que seja o processo da gana.
      Um menino – quatro ou cinco anos – geralmente ouvia as conversas de seus pais à noite, quando ambos chegavam do trabalho. Quando o dia tinha sido particularmente difícil para o seu pai, este comentava os acontecimentos do dia em detalhes, em conversa com a mãe do menino; e o menino estava ali, junto, ouvindo tudo, captando tudo; captando emocionalmente, queremos dizer.
      O pai tinha um cargo simples numa empresa; significa que tinha, acima dele, muitas pessoas com cargos de maior importância que o seu; muitas “autoridades”: o chefe, o chefe do chefe, etc. Nas conversas desses dias difíceis, o pai reclamava muito; e sua fala apresentava certa veemência, certa força. O tom emocional dessa fala – o menino só veio a compreender isso décadas mais tarde – era, para dizer o mínimo, bem beligerante. Passava a ideia de que o pai estava sendo muito injustiçado e queria pular no pescoço dos seus injustos opressores…
      Décadas se passaram…
      Um dia a esposa do nosso herói – aquele que era então, lá atrás, um menino – no meio de uma conversa qualquer diz:
      “Você poderia ter sido muito bem sucedido na profissão X, porque ela exige tais e tais predicados que te favorecem”.
      O nosso herói então responde:
      – A profissão X, a profissão Y e a profissão Z, todas são favorecidas com estes predicados.
      E prossegue:
      – Mas eu não poderia ter sido bem sucedido na profissão X; comecei e logo saí. Porque tinha que praticar muito jogo político, conviver com muita puxação de tapete, com pessoas de egos gigantes, etc. E eu, na minha juventude, não servia para isso. Qualquer coisa e já me vinha ganas de pular no pescoço dos caras. Se continuasse naquela carreira, teria que me segurar quase que a cada minuto!
      – Quanto à profissão Y, fui sim muito bem sucedido – pelos critérios exteriores – por mais de uma década; mas não se passava uma semana sem que eu quisesse, por isto ou aquilo, esganar um ou outro dos meus interlocutores na empresa. A carreira foi sim bem sucedida, mas à custa de muito sofrimento; e de muita falsa compensação: de muito whisky e de muito etc.
      Esse é outro exemplo real de caso de gana.
      E então, Violeta?
      Espero que tenhamos conseguido esclarecer um pouco mais a ideia da gana. Caso persistam dúvidas, por favor, não hesite em nos solicitar novamente.
      Grande abraço!

  4. Grata pelo esclarecimento. Ficou bem ilustrado e percebo bem as diferenças.

  5. Estive em processo de quimioterapia e devido ao tratamento, medicação e baixa da imunidade, poder realizar as massagens me conectou comigo mesma e aumentou a minha energia, me trazendo uma nova percepção de consciência. Isso me ajudou a concluir o período de tratamento. aumentando o sucesso, e deu continuidade à minha vida de forma mais saudável. Tenho imensa gratidão ao Euclides por toda a sua ajuda no meu processo de remissão do câncer.

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