A – Introdução: as dificuldades da meditação

No post anterior, Potência Mental e Meditaçãonos demos conta de que a meditação é um dos dois métodos gerais capazes de nos permitir alcançarmos a potência mental.

E com a potência mental – e mais outras potências – passarmos a ter acesso à cobertura do nosso Ser, ter acesso ao Nosso Ser Maior.

E entendemos também que os dois resultados citados se tornam possíveis devido aos benefícios terrestres e extraterrestres da meditação.

Mas tivemos ciência também de que, embora seja um método ótimo, a meditação é pouco praticada pelas pessoas em geral.

Ao nos perguntarmos o porquê disso, respondemos que é devido às dificuldades da meditação.

Nesse post vamos nos dedicar a estudar essas dificuldades. Elas merecem um estudo à parte porque há uma armadilha aqui.

Nunca encontramos até hoje alguém dizendo “não faço meditação porque isso não faz bem”, ou “não faço meditação porque faz mal”.

Ao contrário, muitas pessoas dizem que seria bom se fizessem meditação, mas acabam apontando as mais diversas razões do porquê não o fazem.

Dito de outra forma: as pessoas geralmente abordam o tema geral da meditação de modo muito ingênuo.

Ouvem o tempo todo falar das dificuldades da meditação, e pensam que as conhecem. Mas não as conhecem.

Muitos fatores que são apontados pelas pessoas – e pelos sites, pelas revistas, blogs, etc. – como sendo as reais dificuldades da meditação, não são de fato as verdadeiras dificuldades.

E por não serem reais, nós chamamos esses fatores de pseudodificuldades da meditação, ou dificuldadesfake. O nome cabe bem porque elas parecem ser as reais dificuldades.

Mas parecem ser as dificuldades reais, apenas enquanto não temos um bom conhecimento sobre o assunto, e enquanto não nos detemos para refletirmos um pouco melhor a respeito.

Quando temos mais conhecimento e refletimos melhor, rapidamente nos damos conta de que as verdadeiras dificuldades da meditação são bem outras.

Sendo assim, vamos estudar esse assunto, dividindo o nosso post em dois grupos de tópicos:

  • num grupo estudaremos as dificuldades-fake ou as pseudodificuldades;
  • em outro grupo estudaremos as reais dificuldades da meditação.

B – Primeira pseudodificuldade da meditação: falta de tempo

A primeira das pseudodificuldades da meditação, que ouvimos quase todos os dias, é a falta de tempo.

Comecemos nos dando conta de que o tempo é um recurso realmente estranho.

Muitas pessoas reclamam de não terem tempo em quantidade suficiente, mas a realidade é que ele é igual para todo mundo: cerca de dezesseis horas de atividade por dia.

O que acontece é que acabamos usando essas cerca de dezesseis horas com uma série de coisas.

Algumas ganham, necessariamente, prioridade sobre outras. E por que ganham prioridade?

Por duas grandes razões.

Ou porque em determinado momento são obrigatórias para nós – por exemplo: trabalhar para ganhar o pão, cuidar de uma criança de quem somos responsáveis, etc.

Ou porque gostamos de fazê-las, e por isso elas acabam tornando-se prioridade.

É nessa segunda classe que mora a oportunidade.

Tirando as atividades obrigatórias, acabamos usando o restante do tempo do dia com coisas de que gostamos, coisas que nos dão prazer, ou alegria, satisfação, etc.

Uma atividade que fazemos e que não gere bons frutos para nós, logo perde prioridade.

O tempo existe, mas por não entrar na prioridade, não entrar na frente das outras na fila, a atividade acaba sendo deixada para depois.

E quanto à meditação, a maioria das pessoas deixa para depois, porque dificilmente funciona bem para elas.

Ou dificilmente funciona tão bem que possa trazer alegria, prazer e satisfação maior que muitas outras atividades.

C – Segunda pseudodificuldade da meditação: falta de concentração

Algumas pessoas dizem que já tentaram, mais de uma vez, engajarem-se num programa regular de meditação diária; mas acabaram desistindo porque não têm concentração, não conseguem ficar ali paradas, quietas; não são boas nisso, como dizem.

E elas têm razão: não são boas nisso mesmo. Mas é justamente porque não são boas nisso, que mais precisam conseguir praticar meditação.

Então temos um caso aqui de quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?

Em outras palavras, temos uma explicação circular: não faço meditação porque não consigo me concentrar; e não consigo me concentrar, porque não faço meditação.

Sempre que nos depararmos com uma explicação circular, o mais indicado é começarmos a desconfiar de que há algo mais envolvido no assunto; a explicação deve estar em outro nível.

E de fato, como veremos depois, existem explicações em outro nível.

Por ora, o que deve ficar bem claro para nós, é que uma pessoa não precisa ter facilidade de concentração para começar a praticar meditação.

Se isso fosse requisito, estaríamos num caso de difícil solução pois, como já vimos, a esmagadora maioria das pessoas não tem facilidade de concentração mental.

D – Terceira pseudodificuldade da meditação: falta de dedicação ou de disciplina

Outra grande categoria de razões para não praticar meditação, e que se ouve por aí o tempo todo, pode ser ilustrada por frases como: “há falta de dedicação de minha parte”; ou, “não tenho disciplina suficiente, não sou pessoa disciplinada”, etc.

Quando ouço isso sempre pergunto: você tentou um pouco? Tentou mais de uma vez? Tentou mais de dez minutos?

Se as respostas forem sistematicamente “sim”, ou seja, sim para todas as perguntas, então o problema não é de dedicação. Houve a dedicação para começar; e é apenas essa que se pode esperar de alguém que esteja iniciando-se na prática da meditação.

Novamente aqui, estamos frente à uma explicação que está longe das reais causas do fracasso em praticar meditação.

E essas explicações inapropriadas existem ao borbotões porque as pessoas, em sua grande maioria, não sabem exatamente do que se trata a meditação: quais são os seus segredos, quais são as suas reais dificuldades, enfim quais são as suas exigências…

Vamos para os próximos tópicos olhar tudo isso mais de perto.

E – Primeira dificuldade real da meditação: a exigência do conhecimento do processo

A primeira fonte de dificuldade real é: há a exigência de um profundo conhecimento do processo da meditação.

Apesar de tudo o que se fala por aí a respeito, a meditação é um processo complexo e pouco conhecido.

O que queremos dizer com isso?

Queremos dizer que a meditação, seja de qual tipo for, não consiste em apenas nos sentarmos numa posição qualquer, fecharmos os olhos e pronto, já estamos meditando.

A meditação é um processo que envolve muitas diferentes atividades, todas interiores, com as quais as pessoas têm bem pouca ou nenhuma familiaridade.

Dissemos acima que a meditação é um processo. Precisamos ser mais precisos, mais específicos: a meditação – insistimos, seja de qual tipo for – é sempre um conjunto de processos; mais de um processo, alguns processos encadeados em sequência.

Querer que alguém, sem uma excelente preparação prévia, sente-se na sua casa e pratique meditação, é o mesmo que querer que um garoto de oito anos sente na cabine de um Boeing e saia pilotando. Não há disparate maior!

E o que vemos por aí – na internet, nas revistas, etc. – são dezenas ou centenas de receitas do tipo “faça você mesmo”, “aprenda a meditar em cinco minutos”, etc.

Por favor, deixe tudo isso de lado, antes que você se desiluda demasiadamente, e depois nem tenha mais a chance de tentar, de novo ou pela primeira vez, do modo certo.

Falamos que a meditação é um conjunto de processos encadeados em certa sequência.

Cada processo, por sua vez, é uma sequência de passos ou fases.

E cada passo ou cada fase, sempre envolve atividade sutil, e percepção e atenção refinadas; são manifestações interiores, coisas de natureza diametralmente oposta às nossas manifestações exteriores – andar, falar, etc.

Além disso, há muitas fontes possíveis de erro ou de engano.

Repetimos: aprender – e ensinar – a meditação, requer uma dose realmente elevada de conhecimento.

Avancemos mais para compreendermos ainda melhor essa afirmação.

A meditação envolve mais de um processo – três, quatro ou até cinco processos, dependendo do tipo de meditação de que se esteja tratando.

Cada processo, como já dissemos, envolve algumas fases ou alguns passos.

E cada fase ocorre em um local diferente do nosso Ser.

Além disso, para a realização de um passo, e principalmente para a passagem ao passo seguinte, é necessário que certas condições sejam satisfeitas.

Se tudo correr bem, esses detalhes descritos até aqui já demandam muito conhecimento.

Mas nem sempre tudo corre bem. Ao contrário, há a resistência natural ao processo.

Não entraremos em detalhes aqui sobre essa questão, mas vamos dizer apenas que o diabo habita os pormenores, para usar uma frase tradicional que acabou se disseminando na linguagem corrente.

Há uma resistência contrária à elevação que a meditação busca.

E como consequência dessa resistência, há um entrave quase que a cada passo.

Geralmente não são entraves difíceis de serem superados, mas com certeza requerem conhecimento; para não errarmos a mão: uma dose a mais ou a menos, e a coisa toda desanda, botamos todo o processo a perder!

O conhecimento que se exige é um conhecimento teórico sim; é necessário conhecer de modo geral as etapas, os passos, etc., e os possíveis entraves em cada um deles.

Mas deve ser, acima de tudo, um conhecimento prático, conhecimento que o praticante iniciante necessariamente não pode ter.

Esse conhecimento prático deve ter sido adquirido pelo instrutor, por meses ou anos de práticas assistidas e conduzidas por seu mestre que, ele próprio por sua vez, devia ser bem experiente; devia ter anos de prática conduzindo o processo de aprendizagem de outras pessoas.

A exigência do conhecimento do processo da meditação – da prática e do aprendizado – conhecimento que o praticante iniciante não tem, é com certeza uma das reais dificuldades da meditação.

Em função de tudo o que foi falado aqui neste tópico, fica mais fácil para você agora captar a ideia de que aprender – e ensinar – meditação, traz ainda outras dificuldades reais ou outras exigências.

São elas: a exigência da energia e a exigência da verdadeira vontade. Vejamos a seguir cada uma delas.

F – Segunda dificuldade real da meditação: a exigência da energia

Uma das coisas que mais nos surpreendem sempre, quando tratamos de qualquer aspecto do desenvolvimento interior, é que as pessoas nunca, ou quase nunca, levam em conta o seguinte:

  • um dos recursos mais importantes para a realização de qualquer atividade humana é a energia.

Vamos dar um pequeno exemplo.

Se você quer estudar um assunto complexo – álgebra para fazer o vestibular, por exemplo – você sabe que precisa estar bem, de cabeça fresca, bem disposta ou bem disposto, descansado, etc. Em uma palavra: tem que ter energia!

No caso da meditação a energia demandada é de alto nível – falaremos mais sobre as espécies de energia mais à frente ainda nesta parte do site.

Por ora, basta-nos saber que:

  • para corrermos um pouco no parque próximo à nossa casa, precisamos de uma certa energia;
  • b) para fazermos uma venda técnica e de alto valor, para compradores profissionais, precisaremos uma energia um pouco mais sofisticada, mais refinada;
  • c) para fazermos o exame vestibular, mais refinada ainda;
  • d) e para praticar meditação, precisamos de energia ainda bem mais refinada.

Isso é o que devemos sempre procurar compreender e procurar nunca esquecer.

Além disso, muitos daqueles entraves de que falamos no tópico anterior requerem, para que sejam transpostos, uma dose extra de energia – muitíssimo mais refinada que as anteriores – e que haverá de ser aplicada num dado ponto.

É necessário que exista essa energia extra em algum lugar do nosso ser; e devemos saber acessá-la e levá-la, digamos assim, para o lugar onde ela está sendo demandada.

A exigência da energia super refinada – que o praticante iniciante não tem e, quando tem, não sabe como acessar e mover – é mais uma das dificuldades reais da meditação.

G – Terceira dificuldade real da meditação: a exigência da verdadeira vontade

Novamente vamos pedir a você, valorosa leitora ou valoroso leitor, que se ajeite bem sobre as suas nádegas, aprume a sua coluna, respire fundo e concentre toda a sua atenção.

Vamos falar agora de tema difícil de ser falado: a verdadeira vontade.

A palavra vontade é usada à larga na nossa linguagem comum: geralmente é sinônimo de desejo, de propósito ou de intenção de que algo se realize.

É sempre usada no sentido psicológico do termo, ou seja, como manifestação do nosso mundo emocional ou do nosso mundo mental, ou de ambos – enfim, manifestação de duas das três bases que estudamos.

Mas a verdadeira vontade é uma manifestação superior, uma manifestação da cobertura do ser, do Nosso Ser Maior. Não é um dom terrestre, é um dom celeste.

Apenas para que você possa se representar do que se trata, ainda que de modo aproximado, imagine uma moeda: de um lado da moeda está a consciência, um atributo superior; do outro lado da moeda está a verdadeira vontade, outro atributo superior.

Essa, a verdadeira vontade, é quase que um desejo já realizado, ou um desejo já sendo realizado, porque ela só se apresenta quando as condições para a sua realização já estão todas presentes.

E isso, porque a verdadeira vontade é a irmã da consciência, conforme vimos na analogia da moeda.

Para usarmos ainda uma outra expressão, poderíamos dizer que a verdadeira vontade é uma força muito potente, uma intenção praticamente já realizada, porque totalmente realizável, aqui e agora, bastando apenas eu manifestar a minha intenção.

Essas tentativas nossas, de procurar fazer com que se represente no seu espírito a ideia da verdadeira vontade, é o melhor que podemos fazer por ora.

De qualquer maneira, o importante é você compreender que certos avanços no processo da meditação – em suas etapas, em suas fases, nos entraves entre as fases, etc. – só serão possíveis se intervier, no ponto certo e no momento certo, a verdadeira vontade.

E essa é ainda uma outra dificuldade real da meditação.

H – Conclusão: para ter sucesso na meditação devemos atender às três exigências

Começamos este post dizendo que as pessoas geralmente se enganam, a respeito das razões por que não conseguem aprender, e se manter praticando, meditação.

Falamos então sobre as dificuldades-fake ou pseudodificuldades da meditação.

E vimos que parecem ser as reais dificuldades, mas apenas enquanto não olhamos o assunto mais de perto, e com mais conhecimento.

Quando o fazemos, nos deparamos com as dificuldades reais da meditação, ou seja, aquelas razões que realmente nos dificultam de aprender meditação e de nos manter praticando.

Vimos também que são em número de três essas reais dificuldades da meditação:

1) a exigência do conhecimento do processo;

2) a exigência da energia; e

3) a exigência da verdadeira vontade.

No próximo post, Um Segredo sobre Meditação, vamos examinar um segredo, quase nunca revelado, sobre o aprendizado e a prática bem sucedida e continuada da meditação.

Esse segredo resolve, por assim dizer, as três dificuldades reais da meditação citadas aqui; em outras palavras, satisfaz as três exigências.

 

E quanto a você? Já pensou alguma vez em praticar meditação? Já tentou? Tem conseguido manter um programa regular? Está satisfeita ou satisfeito com o seu nível de realização quanto à meditação? Está interessada – no mínimo curiosa ou curioso – para ler o próximo post no qual falaremos sobre o segredo quase nunca revelado? Está intencionada ou intencionado a descobrir o segredo e, com a ajuda dele, tornar-se uma pessoa que pratica a meditação continuadamente e consistentemente?

 

Entre em contato agora: escreva um e-mail para euclides@grupodecasais-busca-scsc.org

 

Foto: autoria desconhecida

3 comentários

  1. Parabéns pela matéria. Eu, particularmente tenho muita dificuldade de concentração para fazer meditação. Meu pensamento costuma “vagar”, por tudo o que me cerca, pelos meus projetos e anseios. Mas as dicas aqui são valiosas. Valeu pessoal!!

  2. Texto interessante, mas minha dúvida se refere ao que significa “benefícios extraterrestres da meditação”, apontado no primeiro parágrafo.

    1. Olá, caríssima Maria de Fátima! Creio que a resposta à sua dúvida está no post anterior, Potência Mental e Meditação, no tópico “I – Ondas mentais e benefícios extraterrestres da meditação”. Por favor, dê uma olhada lá e veja se satisfaz. Em caso de persistir alguma dúvida, por gentileza volte a pedir esclarecimento, ok? Grande abraço!

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