A Potência da Nossa Sexualidade

A – Introdução: separar o sexo, reconhecer a trindade, e entender a potência da nossa sexualidade

Estamos estudando o tema geral do sexo e da sexualidade, com vistas a estabelecermos todos os fundamentos para bem alcançarmos a nossa meta: buscar o divino pela via sexual.

Já falamos no post anterior sobre a distinção entre sexo e sexualidade. Também já estudamos o tema da nossa herança sexual e da nossa sexualidade, natural ou individual.

Mas precisamos ainda nos aprofundar um pouco mais, tanto na questão do sexo como na questão da sexualidade.

Este post tem três objetivos:

  1. Fazermos uma reflexão visando separar o sexo dos demais aspectos da nossa vida;
  2. Aprofundarmos um pouco mais o olhar sobre a nossa sexualidade, olhando desta vez para o fato de ela ser um dom trino, um dom que tem três faces, três dimensões. Em outras palavras, queremos conhecer a trindade na sexualidade.
  3. E por último, baseados na ideia da trindade, entendermos a ideia da potência da nossa sexualidade.

B – “O sexo que existe por si só já é uma grande realização”

No post anterior, Sexo e Sexualidade, trouxemos um texto do Grande Mestre. Dissemos que o texto é muito rico. Na verdade ele esconde tesouros a cada trecho, quase que a cada frase. Vamos reproduzir abaixo um dos trechos daquele texto. Queremos extrair do trecho uma frase sobre a qual vamos refletir mais detalhadamente. O trecho diz:

“A mecanicidade é especialmente perigosa quando as pessoas tentam explicá-la por outra coisa e não pelo que ela realmente é. Quando o sexo está claramente consciente de si, e não se encobre com qualquer outra coisa, ele não faz parte da mecanicidade sobre a qual estou falando. Pelo contrário, o sexo que existe por si só, e não depende de nenhuma outra coisa, já é uma grande realização. Mas o mal reside nesse constante autoengano!”

Vamos nos deter na frase: “o sexo que existe por si só, e não depende de nenhuma outra coisa, já é uma grande realização.”

O fato é que nos seres humanos comuns, e em cada um de nós até então, o sexo está misturado sempre com muitos outros aspectos da nossa vida. Está misturado na nossa consciência, na nossa visão das coisas, e no nosso sentimento. Está misturado muitas vezes até mesmo nas nossas próprias sensações, ou seja no modo como nos sentimos – na pele, nos músculos, nas vísceras, nos órgãos, etc. – em relação a tudo o que for relacionado ao sexo.

Estar tudo misturado não é bom. E não é bom porque não facilita a nossa vida, se queremos de fato desenvolver a nossa sexualidade individual. E principalmente se queremos desenvolvê-la muito fortemente. Se queremos desenvolvê-la ao ponto de alcançarmos a nossa identidade sexual, o primeiro patamar para podermos então buscar a nossa meta.

De modo geral, o sexo está misturado com:

Relacionamentos

Estamos falando aqui dos relacionamentos ditos amorosos, relacionamentos românticos ou qualquer outro nome que se queira dar. Não importa o status desses relacionamentos: se são ficantes, namorados, amantes, noivos, etc. Todos esses status estão incluídos no que vamos comentar a seguir.

É claro que relacionamentos amorosos e sexo geralmente andam juntos e devem andar juntos. Não estamos aqui pregando amor platônico; isso é outra coisa.

Mas na consciência de cada um de nós, na nossa visão pessoal das coisas, e no nosso sentimento, o nosso relacionamento amoroso com uma pessoa e o sexo que eventualmente praticamos com ela devem ser mantidos separados. Devem ser considerados cada um por seus próprios méritos.

Podemos ter um relacionamento amoroso excelente com alguém; e ter com esse alguém um relacionamento sexual não tão excelente assim. Por outro lado, podemos ter com alguém sexo de excelente qualidade; e termos um relacionamento amoroso apenas satisfatório. E assim por diante.

Casamento

A questão da mistura entre sexo e outro aspecto da nossa vida torna-se particularmente dramática no caso do casamento.

É claro que na história humana sempre houve casos em que a relação entre sexo e casamento não foi tão estreita. Por exemplo: no caso dos casamentos arranjados, dos casamentos comprados, dos casamentos conscientemente considerados por ambas as partes como sendo casamento por interesse, e etc.

Mas na esmagadora maioria dos casamentos no Ocidente moderno, a relação entre sexo e casamento é quase automática; estão imbricados um no outro.

Novamente, não estamos falando aqui contra qualquer coisa. Que haja casamentos! E que haja muito sexo nos casamentos! Não há nada contra e há muitíssimas coisas a favor.

Mas não devemos – cada um de nós, que já temos o intuito de desenvolver a nossa sexualidade individual – repetimos, não devemos nunca misturar uma coisa com a outra: na nossa consciência, na nossa mente, no nosso coração, e na massa do nosso corpo, as coisas devem ser mantidas separadas, devem ser consideradas separadas, devem ser apreciadas cada uma pelo seu próprio mérito.

Como se diz no popular: uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa.

O casamento envolve muitíssimos aspectos que não têm qualquer relação com o sexo: o carinho  diário entre o casal, nas palavras e nos gestos; o apoio mútuo e incondicional: na saúde e na doença; geralmente uma  sociedade econômica, financeira e patrimonial; sonhos e estilo de vida compartilhados: hobbies, viagens, negócios, carreiras, etc.; a construção e a manutenção conjunta de um lar; a geração e a criação dos filhos, em todas as longas fases das vidas destes; o cuidado, compartilhado pelo casal, com os pais, e eventualmente com os avós de ambos os membros do casal; e etc. Tudo isso faz parte ou pode fazer parte do casamento, e tudo isso é ou pode ser maravilhoso; tudo pode ser fonte de oportunidade para cada um de nós amar ao próximo como a si mesmo.

Mas o sexo é outra coisa. E deve ser considerado de modo bem separado de tudo isso.

Família

Já falamos acima sobre o casamento. Mas há também a família. O casamento refere-se aos dois membros de um casal. A família é célula social mais ampla. A família refere-se ao seu relacionamento com todos os mais próximos a você: o seu cônjuge se você tem um, os seus filhos se você os tem, os seus pais, seus irmãos, cunhados e cunhadas, e etc.

Ora, você pode estar dentro de uma família e, mais ainda, dentro de um casamento dentro de uma família. Tudo bem. Tudo ótimo. Mas mantenha sempre uma perspectiva independente sobre a sua vida sexual no meio de tudo isso, ok?

Negócios, trabalho, amizades e outras relações

Você pode ter também relações sociais com diversas pessoas: pessoas de seu círculo de amizades, do seu trabalho, dos seus negócios, pessoas com quem se relaciona socialmente na igreja que frequenta, na academia, no partido político, na universidade onde leciona ou estuda, no clube, no boteco, etc.

E você pode ter relacionamento sexual com uma ou mais dessas pessoas. Normal, nada a comentar.

Apenas lembrar que a sua vida sexual e o seu relacionamento social com cada uma dessas pessoas, são assuntos que devem ser sempre mantidos em campos bem distintos – em você, na sua apreciação, e na sua compreensão das coisas.

Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. E uma coisa não depende, nem deve depender jamais, da outra.

Estivemos neste tópico e nos subtópicos dele falando sobre desmisturar o sexo dos outros aspectos da nossa vida.

O maior problema que ocorre quando misturamos as coisas – misturamos na nossa compreensão, na nossa avaliação e na nossa apreciação – é que começamos a justificar umas coisas pelas outras. Ou melhor: começamos a nos justificar por umas coisas em função de outras coisas.

Começamos a nos justificar por estarmos sendo desleixados ou desatenciosos com vários quesitos da nossa sexualidade e, em nossas justificativas, nos servimos das obrigações ou contratos que contraímos em outros aspectos da nossa vida.

Não, não e não! Não podemos viver de justificativas! Temos que zelar pelo desenvolvimento da nossa sexualidade independentemente de – e às vezes apesar de – nossos relacionamentos amorosos, nosso casamento, nossa família, nossas amizades ou nosso círculo social.

Não é possível querermos nos desenvolver sexualmente – desenvolver a nossa sexualidade – se concordamos em estarmos atados a mil e uma restrições, a limitações ou a exigências de todo tipo, que nos são impostas por outras pessoas e, na maioria das vezes, e pior ainda, nos são impostas por nós mesmos.

Visualizemos uma cena.

Imagine que você e eu estamos subindo uma montanha. Queremos chegar ao topo! Então você entra num atalho – talvez para fazer xixi, não importa – e acaba se enredando num monte de cipós.

Você me chama. Eu vou e começo a te ajudar. Eu posso te ajudar. Você pode ficar livre e nós podemos então, juntos, continuar a nossa caminhada em direção ao topo da montanha.

Mas apenas com a condição de que você concorde em se desenredar, concorde em se desmisturar da enorme quantidade de cipós a que você está atada ou atado agora. Compreende?

Voltemos à frase que colocamos em destaque neste tópico: o sexo que existe por si só já é uma grande realização.

O sexo que existe por si só não é sexo que se pratica usando outras coisas como desculpa ou como justificativa.

E além disso, também não é sexo que justifica as suas desatenções, ou falta de capricho, jogando a culpa por elas em outras pessoas, ou em outras exigências da nossa vida.

O sexo que existe por si só é sexo que se pratica visando cumprir uma das quatro funções naturais do sexo já citadas. E que se torna ainda mais poderoso, tem maior potência, quando praticado visando cumprir as funções de Experimentar Prazer e de Buscar o Divino.

Nesses casos, o sexo que existe por si só é sexo praticado premeditadamente, intencionalmente, conscientemente. Queremos o prazer – mais que isso, queremos altíssimos níveis de prazer, prazer de grande potência – para podermos vivenciar aqueles níveis superiores de ser ou de existir.

O sexo que existe por si só é sexo que está livre de qualquer emaranhado de amarras, e por isso pode ser exercido com grande potência, e assim contribuir para que possamos nos desenvolver.

Em uma palavra: o sexo que existe por si só já é uma grande realização!

C – A trindade na sexualidade

Queremos agora falar sobre a sexualidade, sobre a nossa sexualidade, sobre a sua sexualidade, sobre a sexualidade em nós, no nosso caso bem singular e bem pessoal.

A partir desta perspectiva, ou seja, a partir desse ponto de vista, e se pensarmos bem seriamente sobre o assunto, logo concluiremos que a nossa sexualidade – ou a sexualidade de qualquer pessoa individualmente considerada – é composta de três aspectos, de três faces, ou de três dimensões.

São elas: a nossa sensibilidade, a nossa sensualidade, e a nossa responsividade.

Estudaremos com bastante calma o significado e o conteúdo desses três aspectos, nos nossos diálogos dentro do Grupo.  E isto tanto num sentido mais restrito, quanto num sentido mais amplo de cada um deles.

Mas, por ora, queremos adiantar apenas umas poucas palavras para que você, corajosa leitora ou corajoso leitor – tem coragem sim, pois que está firme conosco até aqui! – repetimos, para que você possa intuir e se representar de algum modo sobre o que estamos falando.

Comentemos brevemente então a seguir cada uma das dimensões da nossa sexualidade.

Sensibilidade

Sensibilidade diz respeito primariamente à nossa pele e às mucosas exteriores do nosso corpo.

Mucosas exteriores são aquelas mucosas das partes do nosso corpo que estão abertas para o exterior: boca, lábios da vagina, glande do pênis, ânus, etc. As mucosas são consideradas a pele úmida.

Em contraste com as mucosas, pele úmida, a pele do nosso corpo é considerada seca. Eventualmente libera suor, mas na maior parte do tempo é mais ou menos seca.

A nossa sensibilidade então refere-se à nossa faculdade de reagir aos estímulos táteis – estímulos que entram em contato com a nossa pele ou com as nossas mucosas.

Acondicionados dentro dos tecidos da nossa pele e das nossas mucosas, nas mais diferentes partes do corpo, encontram-se um número incrivelmente grande de terminações nervosas. Essas terminações nervosas têm especializações.

Algumas das nossas terminações nervosas são especializadas em sexo, ou seja, estão ligadas à nossa central de inteligência sexual.

Por enquanto imagine a nossa central de inteligência sexual como se fosse uma área especializada do nosso cérebro. Ela é bem mais que isso, mas só falaremos a esse respeito em outra ocasião.

Sensibilidade então – e aqui no caso, sensibilidade sexual – diz respeito ao modo como percebemos sexualmente os estímulos que chegam à nossa pele e às nossas mucosas.

Entre outras coisas envolve o seguinte:

    • se temos reação mais rápida ou mais lenta (estamos falando em milésimos de segundos);
    • se somos ou não bem sensíveis, ou seja, se somos casca grossa como se diz, ou se temos uma sensibilidade muito refinada (exemplo: o mais leve calor do corpo de alguém, ainda que à distância, já é suficiente para gerar reações em nós);
    • se temos muitas partes bem sensíveis ou apenas umas poucas;
    • se nossas partes mais sensíveis têm área mais ampla ou se são muito pontualmente concentradas;
    • se nossa sensibilidade é mais superficial ou se necessita de um toque mais aprofundado; e etc.

O caso é que essa dimensão ou faceta da nossa sexualidadeou seja a nossa sensibilidade sexual, pode ser desenvolvida. Há alguns modos eficazes de fazê-lo.

Voltaremos a esse assunto em tópico mais à frente neste post.

Sensualidade

Sensualidade diz respeito ao funcionamento e à expressão da musculatura do corpo – não tanto daquela sob o domínio da nossa vontade, mas também, e principalmente, da musculatura mais reflexa.

Diz respeito, portanto, às nossas posturas e aos nossos movimentos – a nossa expressão corporal – em nossos diferentes momentos sensuais.

Mais correto seria dizer que a sensualidade diz respeito principalmente às microposturas e aos micromovimentos corporais. São essas microexpressões corporais que mostram melhor a nossa sensualidade.

Tentemos buscar compreender melhor como as coisas se passam.

Temos no nosso corpo uma quantidade muito grande de músculos. São de diferentes tamanhos. Uma regra mais geral seria: maior o músculo, maior o movimento que ele controla.

Assim, músculos maiores controlam os nossos movimentos maiores: torção da pelve, contração das coxas, arquear dos ombros, estirar os pés, etc.

Já os músculos que controlam, por exemplo, os pequenos movimentos faciais – os pequeninos gestos faciais – são músculos pequenos, às vezes muito pequenos.

Os que controlam os movimentos de nossos olhos, menores ainda.

Os nossos músculos maiores estão todos sujeitos ao controle da nossa vontade, por assim dizer. Podemos fazer deliberadamente movimentos que envolvam tais músculos.

Mas isso nem sempre se dá com os nossos músculos menores, principalmente com os minúsculos.

Na maior parte do tempo atuam de modo reflexo em nós. Nesse caso são controlados: pelo nosso centro de inteligência instintivo; ou pelo nosso centro de inteligência emocional; ou – e aqui está o que mais nos interessa – pelo nosso centro de inteligência sexual.

Embora os músculos maiores possam ser controlados pela nossa vontade, eles podem também atuar independentemente da nossa vontade – e isso também muito nos interessa aqui, porque é nesse caso que eles revelam a nossa sensualidade.

Feitas estas colocações, podemos agora dizer que a nossa sensualidade é a expressão corporal dos nossos momentos sensuais – momentos em que o nosso centro de inteligência sexual está no modo ativado, seja por qual razão for.

Os diferentes momentos sensuais que vivemos têm diferentes cargas energéticas, têm diferentes níveis de percepção, da nossa parte, sobre o que está nos acontecendo, têm diferentes durações e têm ainda diferentes níveis de profundidade. Todos esses diferentes aspectos estão representados em nossa sensualidade.

É óbvio que a sensualidade depende da sensibilidade. Aquela se soma a esta. Maior a sensibilidade, mais provavelmente também maior será a sensualidade.

Mas apesar disso, a sensualidade também pode ser desenvolvida em nós, e isso com métodos diferentes e de modo independente daqueles com que podemos desenvolver a nossa sensibilidade.

Responsividade

Responsividade diz respeito ao modo como se manifestam em nós as respostas sexuais num episódio sexual, incluídos aí as preliminares e o coito propriamente dito.

Como uma primeira palavra, podemos dizer que nossa responsividade sexual é tudo o que vai além da sensibilidade e da sensualidade.

Podemos dizer, também ainda de forma bem sucinta, que envolve todas as nossas respostas genitais e extragenitais à estimulação sexual.

Mas podemos dizer mais.

Podemos dizer que a responsividade sexual diz respeito ao mundo das glândulas e de todos os órgãos e tecidos da genitália e, ainda, às reações da musculatura totalmente independente da nossa vontade, musculatura instintiva, emocional e sexual, por assim dizer.

Também diz respeito às correntes dos fluídos e às correntes elétricas que se apresentam – e que às vezes podem ser percebidas – durante o exercício do sexo.

Ainda diz respeito aos campos magnéticos que, sob certas condições, se formam e acompanham as correntes elétricas.

Mais especificamente, tanto na mulher como no homem, a responsividade envolve respostas mais fortes ou mais fracas relacionadas com:

    • o eriçar dos pelos na pele em certas partes do corpo;
    • as ondas de calor e eventualmente as ondas de transpiração que percorrem o corpo;
    • a contração muscular involuntária, também em diversas partes do corpo, mas mais particularmente nas suas extremidades;
    • as ondas de prazer que podem ser vividas pela pessoa nas diversas fases de um episódio sexual;
    • a alteração nos batimentos cardíacos;
    • a alteração na pressão sanguínea;
    • a alteração na frequência respiratória;
    • o nível, a duração e a profundidade do orgasmo.

Na mulher envolve respostas mais ou menos fortes relacionadas com:

    • o rubor facial e o rubor em outras partes do corpo;
    • a ereção dos mamilos;
    • a expansão, alternada com a retração, do clítoris durante a estimulação e durante o coito;
    • o entumecimento dos lábios da vagina;
    • a expansão do Monte de Vênus;
    • a lubrificação da vagina;
    • também, na mulher, a responsividade se relaciona ainda com o intervalo entre orgasmos, no caso de mulheres multiorgásmicas.

No homem, de modo mais específico, envolve respostas também mais ou menos fortes relacionadas com:

    • o tempo decorrente entre o início de um episódio sexual e o início da ereção;
    • a curva de evolução da ereção;
    • o nível máximo de ereção;
    • a duração da ereção em condições normais – sem qualquer interrupção digna de nota – com ou sem penetração;
    • o tempo e as características da retomada da ereção, em caso de arrefecimento;
    • as alterações no volume e na posição dos testículos;
    • alterações na pele superficial dos escrotos; etc.

Voltando agora a falar sobre a responsividade para qualquer um de nós, mulher ou homem, podemos dizer que ela diz respeito à quantidade, ao tipo e à duração da estimulação de que necessitamos para apresentar as respostas citadas acima, sejam elas mais fortes ou mais fracas.

Dito de outro modo, podemos dizer que todas as pessoas são aptas a apresentar basicamente as mesmas respostas à estimulação sexual. O que varia, de uma pessoa para outra, é a quantidade, o tipo e a duração da estimulação necessária para que a resposta ocorra.

Na verdade essas demandas – quantidade, tipo e duração da estimulação necessária – variam inclusive para a mesma pessoa, de um episódio sexual a outro, ou de um período para outro.

Deve ficar claro ainda que essas demandas variam também em função de outros fatores. Por exemplo: variam conforme a condição do corpo das pessoas, a condição do psiquismo delas (seu mundo mental e seu mundo emocional), as pessoas parceiras, etc.

Importante adicionarmos, para concluir, que a responsividade também pode ser desenvolvida em nós.

Mais ainda, pode ser desenvolvida de modo apropriado, ou seja, de modo que aumente a potência da nossa sexualidade e nos facilite o alcance da nossa meta: buscar o divino pela via sexual.

D – A expansão da potência da nossa sexualidade: uma imagem

Acabamos de usar, na última frase do tópico anterior, a expressão: a potência da nossa sexualidade.  Falemos mais sobre isso.

Contemple com calma e de modo relaxado a imagem no alto deste post.

Você talvez possa estar vendo que a imagem mostra, bem em seu centro, um poliedro com várias faces.

Ao mesmo tempo, a imagem mostra que esse poliedro está inserido dentro de um poliedro muito maior.

Não podemos ver os limites – as superfícies – desse poliedro maior. A nossa visão é a de quem está olhando de um ponto qualquer de dentro deste poliedro maior.

Essa imagem serve para ilustrar dois possíveis momentos, bem distintos, da potência da nossa sexualidade ao longo da vida.

O poliedro menor mostra o volume da potência da nossa sexualidade natural.

O poliedro muito maior mostra o volume da potência da nossa sexualidade individual e bem desenvolvida.

(As ideias de sexualidade natural e sexualidade individual foram tratadas no post anterior, Sexo e Sexualidade).

Muito provavelmente o volume da potência da nossa sexualidade individual será cerca de sessenta vezes maior do que o volume da potência da nossa sexualidade natural.

O número sessenta resulta de um cálculo hipotético muito simples. Digamos que em nossa sexualidade natural tenhamos em média nota três em cada uma das dimensões – sensibilidade, sensualidade e responsividade. O volume da potência da nossa sexualidade será nove – três vezes três vezes três. E digamos que em nossa sexualidade individual e já bem desenvolvida, tenhamos em média nota oito, em cada uma das três dimensões. O volume da potência da nossa sexualidade será quinhentos e doze – oito vezes oito vezes oito.

Não importa se o número correto é sessenta vezes maior. Importa é que a potência da nossa sexualidade individual e já bem desenvolvida, será muitas vezes maior que a potência da nossa sexualidade natural.

Voltemos à figura no alto do post. Ela é uma imagem da expansão possível da potência da nossa sexualidade, se decidirmos nos dedicar de fato a essa empreitada.

Agora reflita: em qual das duas situações você acha que é mais provável você alcançar a meta?

Em qual das duas situações é mais provável você chegar ao divino pela via do sexo?

E – Mudanças na essência

Dissemos acima que as três dimensões da nossa sexualidade – a sensibilidade, a sensualidade e a responsividade – podem ser desenvolvidas.

Dissemos mais: que podem ser apropriadamente desenvolvidas. Vamos procurar agora deixar isto um pouco mais claro.

No post Processo da Transformação Emocional falamos sobre dois tipos de mudanças em nós:

  • as mudanças que se dão na personalidade – o desenvolvimento no sentido comum da palavra;
  • e as mudanças que se dão na essência. Estas últimas, as mudanças que ocorrem na essência, representam um tipo especial de desenvolvimento, um tipo que chamamos de evolução.

Entre outras diferenças, o desenvolvimento do tipo evolução é perene, nunca mais é perdido.

O motivo para isso é que a nossa essência não muda com a simples passagem do tempo, como todas as outras coisas no Universo, inclusive a nossa personalidade.

A nossa essência só muda, só evolui, por meio de esforços bem orientados e conscientes de nossa parte.

Há muitos modos de buscar desenvolver cada uma das três dimensões da nossa sexualidade.

Inclusive há muitos modos propagados pelas revistas, sites e livros sobre o assunto. A esmagadora maioria é pura bobagem. Na melhor das hipóteses, quando funcionam um pouco, só geram uma pequena alteração na nossa personalidade.

Para que a real evolução se dê – o tipo de desenvolvimento especial em nossa essência – temos que viver experiências, temos que ter vivências, que possam chegar de fato a afetar a nossa essência.

E isso porque não estamos nada interessados em reforçar ainda mais a nossa personalidade, ou seja, não estamos nada interessados em inflar ainda mais o nosso ego, para usarmos o pior sentido em que se possa usar essa expressão.

F – Conclusão: separar, reconhecer e desenvolver

Neste post começamos falando sobre separar o sexo dos demais aspectos da nossa vida.

Separar em nossa consciência, em nossa avaliação e em nossa apreciação do mérito das coisas.

Então falamos sobre as três dimensões da nossa sexualidade: a sensibilidade, sensualidade e a responsividade.

Precisamos conhecê-las em nós, aprender a reconhecer as manifestações de cada uma dessas dimensões em nós.

Sobre essas dimensões dissemos também que podemos buscar o desenvolvimento de cada uma delas em nós.

Esse dsenvolvimento de cada uma delas, dissemos também, aumenta, em muito, a potência da nossa sexualidade.

E fizemos então um esclarecimento importante: o desenvolvimento que devemos buscar é aquele desenvolvimento especial, o que se dá na nossa essência.

Resumindo tudo, podemos dizer que são três etapas: separar, reconhecer e desenvolver.

 

E quanto a você? Sente um impulso para, de imediato, refletir bem sobre o tema de separar o sexo dos demais aspectos da sua vida? Está fortemente inclinada – ou inclinado – a conhecer melhor as três dimensões da sua própria sexualidade, de modo a reconhecer e a apreciar em você, no seu caso particular, a quantas anda o nível de cada uma dessas dimensões? Enfim, percebe uma força te impulsionando, uma ânsia de fazer, para buscar desenvolver de modo apropriado a potência da sua sexualidade?

 

Entre em contato agora: escreva um e-mail para euclides@grupodecasais-busca-scsc.org

 

Foto: William Bout

Um comentário

  1. Foi falado sobre expandir a nossa sexualidade. Com o tempo eu mesma me dei conta de que para a gente aproveitar toda a possibilidade, todo o potencial do sexo, é necessário a gente se libertar de uma série de coisas…. Se libertar de preconceitos… da raiva… de ciúmes…. de possessividade… ganância…. É um trabalho longo… como se você fosse caminhando e deixando, a cada esquina, uma coisa… um preconceito aqui,… uma raiva ali… ciúme lá… possessividade… inibições, sei lá… Quando esse caminho é percorrido eventualmente toda a grandeza do sexo pode se revelar… e a gente pode se aproveitar, se apoderar de toda essa força… E vivenciar essa força do sexo! Então começam a vir as benesses… esse novo sexo te dá amorosidade… amor ao próximo… compaixão… leveza… alegria de viver… saúde… Tudo isso vem se você consegue fazer todo esse caminho, fazer esse percurso… e ir se livrando de todo esse monte de coisas.

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