A – Introdução: graduando o sexo a partir da ideia de níveis

Todas as manifestações humanas podem ser vistas a partir da ideia de níveis.

As pessoas sabem falar. Mas há pessoas que são capazes de proferir discursos, produzir falas, que são verdadeiras obras de arte. Podem expressar ideias e sentimentos de que a maioria não é capaz. Há níveis aqui.

As pessoas podem andar de modo acelerado. Mas há pessoas que são capazes de verdadeiras proezas, podem correr em alta velocidade, ou por distâncias muito longas. Também há níveis aqui.

Todos somos capazes de pensar. Mas há níveis e níveis de pensamento, como está comentado no post Potência Mental e Meditação. Ainda aqui, há muitos níveis diferentes.

Poderíamos fazer uma lista bem mais extensa. Mas o que falamos já é suficiente para ilustrar a afirmação de que todas as manifestações humanas comportam diferentes níveis.

Não é diferente com o sexo.

O sexo é manifestação que, nos seres humanos, pode ocorrer em níveis muito diferentes.

Os objetivos deste post são:

  • estudarmos os diferentes níveis de sexo que podemos estar praticando, em um ou outro momento das nossas vidas, e
  • apreciarmos algumas consequências, para cada um de nós individualmente, de estarmos praticando este ou aquele nível de sexo.

B – Níveis de sexo

Novamente aqui vamos convidar você, querida leitora ou querido leitor, a não se prender a minúcias, mas a procurar captar o essencial nas ideias apresentadas.

O sexo, isto é a vida sexual das pessoas – das que existem na humanidade hoje, das que já existiram, e das que ainda existirão – pode ser classificado em quatro grandes categorias:

  • sexo misturado ou sexo comum,
  • sexo qualificado ou sexo natural,
  • sexo consciente, e
  • sexo divino ou supra consciente.

Em tópicos mais à frente, iremos falar sobre as características de cada uma dessas categorias.

Antes porém, devemos nos dar conta que cada uma delas também permite graduações.

Graduemos cada uma delas em três subníveis: rudimentar, intermediário e avançado.

Assim, tomando o sexo misturado como exemplo, teríamos: o sexo misturado de nível rudimentar, o sexo misturado de nível intermediário e o sexo misturado de nível avançado.

Note-se, por exemplo, que o sexo qualificado de nível rudimentar está um grau apenas acima do sexo misturado de nível avançado; e que o sexo qualificado de nível avançado, está um grau apenas abaixo do sexo consciente de nível rudimentar. E o mesmo para as demais subcategorias.

Os quatro níveis de sexo, cada um com as suas três graduações, perfazem um total de doze subníveis de sexo.

Esta escala será muito útil a nós, tanto no estudo teórico, quanto no estudo prático do tema do sexo.

C – Ser e estar

Considerando os doze subníveis citados, podemos nos dar conta de que a vida sexual das pessoas pode variar enormemente.

Ilustremos essa enorme variação:

Situação a – sexo misturado de nível intermediário: é o sexo praticado pela imensa maioria das pessoas, e na imensa maioria das vezes.

Situação b – sexo consciente de nível intermediário: ele está acessível a praticamente todo ser humano, desde que tenha um preparo razoável.

Para irmos da situação a para a situação b, teremos que galgar seis estágios.

E galgar cada estágio não é nada fácil, principalmente se levarmos em conta a distinção entre ser e estar.

A língua portuguesa nos brinda com esses dois verbos diferentes, cuja principal diferença consiste na estabilidade.

Se existo estavelmente num dado nível, pode-se dizer que sou – por exemplo, sou pessoa instruída ou sou iletrado.

Mas se existo apenas temporariamente num dado nível, é mais apropriado dizer que estou – por exemplo, estou com dor de cabeça, estou apressado, etc.

Sempre que falarmos em níveis neste site estaremos nos referindo a ser – isto é, a existir com certa estabilidade.

É claro que sabemos que mesmo a estabilidade tem certa variação, mas, na grande maioria das vezes, a variação é pequena; fica restrita a uma faixa, e acaba assim permanecendo no mesmo dado nível. Por exemplo: posso ser mais compreensivo ou ser menos compreensivo, mas, apesar da variação, ainda sou compreensivo.

Tendo a distinção entre ser estar em mente, fica muito mais fácil nos darmos conta de que galgar os subníveis do sexo vai requerer muito conhecimento, muita energia e muita dedicação.

D – Uma força enorme na vida das pessoas

Antes ainda de caracterizarmos os quatro níveis de sexo citados, devemos examinar uma das principais fontes de toda a confusão em que estamos imersos, no tocante ao sexo.

E também examinarmos a sua principal consequência na vida das pessoas.

Comecemos essa reflexão relembrando do que nos ensinava o Grande Mestre, no texto que reproduzimos no post Sexo e Sexualidade.

Lá está dito, resumindo aqui de forma bem simples, que o sexo é uma força enorme na vida das pessoas. E que ele traz muitíssimas possibilidades de realização, tanto para o lado positivo quanto para o negativo.

Isso sempre foi assim. Desde tempos imemoriais.

Então não nos é difícil imaginar quantas vezes o sexo foi colocado num pedestal bem alto, com ou sem a devida compreensão daqueles que assim o faziam.

Assim como, por outro lado, também não nos é difícil imaginar quantas vezes o sexo foi colocado como algo impróprio ao ser humano, algo inferior, demoníaco, etc.

Estamos nos referindo a toda a história da humanidade, incluídos aí os períodos mais ou menos conhecidos por nós, bem como aqueles períodos bem mais longínquos, e dos quais praticamente nada, ou nada mesmo, sabemos.

Mas quanto aos dois últimos milênios temos algum conhecimento histórico.

E o que ocorreu neles?

Uma história incrível!

Vejamos isto no próximo tópico.

E – A incrível história do sexo nos dois últimos milênios

Não sabemos exatamente como as coisas se deram, mas sabemos de modo suficientemente aproximado.

Ou seja, não sabemos em detalhes qual a sequência exata das fases do processo, mas é inegável que o processo se iniciou com a admissão do fato de que o sexo – e especialmente a energia sexual – eram muito importantes para o desenvolvimento interior do ser humano.

No início de todo o longo processo, inclusive, houve tradições iniciáticas que usaram o sexo do modo como estamos preconizando aqui, ou seja, com o propósito de buscar o divino, de buscar a transcendência.

Foram os casos de algumas escolas budistas iniciais – chamadas hoje de modo geral de budismo tântrico – e de várias correntes dentro do cristianismo dos primeiros séculos.

Por estas voltas malucas que a história humana dá, o processo se desenvolveu até que o sexo fosse proibido para os padres e as freiras da igreja católica, e para a grande maioria das correntes de monges budistas.

Vamos dar aqui apenas uma pequena ideia de como o processo se desenvolveu.

As escolas iniciáticas, milênios atrás, se deram conta de que a resistência – por parte das pessoas que estavam buscando – a certos processos naturais, eram muito úteis para a busca interior, mas apenas, e bem particularmente, em certa etapa da busca.

Assim, o jejum alimentar, os exercícios respiratórios visando diminuir a frequência e o volume das respirações, e, ainda, a abstinência sexual por um período, foram amplamente recomendados nas escolas de busca interior, ou seja, foram recomendados pelos mestres aos seus discípulos.

Mas pessoas que não foram suficientemente preparadas – pessoas que conheceram as coisas ‘por ouvir falar’ – tomaram tudo ao pé da letra; e a partir daí passamos a encontrar as práticas generalizadas – altamente não recomendáveis – dos jejuns, das práticas respiratórias restritivas, e da abstinência sexual (sendo esta última, por fim, tornada obrigatória para os “religiosos”).

Ou seja, o processo desenvolveu-se até que se instaurou o celibato, como dogma e como modo de vida oficial (na prática, sabemos todos, as coisas não funcionam exatamente assim, ou pelo menos nem sempre funcionam assim; mas isso realmente não nos importa, considerados os nossos propósitos aqui).

O que nos importa é que essa reviravolta histórica condicionou a cultura muito fortemente, em tudo o que fosse relacionado com o sexo.

Imagine o que teria sido no passado, e o que seria agora, o sexo no mundo e na vida das pessoas, se essa volta maluca – a do celibato em tão larga escala – não tivesse acontecido!

E o pior não foi o celibato em si, mas os discursos – e no Ocidente as fogueiras! – que os celibatários radicais fizeram por séculos.

Plantaram na mente das pessoas toda sorte de besteiras!

Qualquer um que quiser trilhar o caminho do sexo deve, antes de tudo, refletir.

E deve libertar-se desse monte de bobagens a respeito do sexo: quinquilharias que foram arremessadas no caldeirão da cultura humana, durante mais de quinze séculos.

F – O abuso do sexo e o subsexo

Uma das consequências dessa maluquice – o celibato imposto a milhares de pessoas, e que teve influência sobre milhões de outras – é o que podemos chamar de abuso do sexo.

Abuso aqui está sendo usado no sentido de ab-uso, isto é, uso indevido, uso afastado dos seus caminhos originais.

Todas as restrições que se fez – e que incrivelmente ainda se faz, em pleno século 21! – à prática descomplicada do sexo, geraram muitos efeitos colaterais indesejados. Falaremos sobre alguns deles no próximo tópico.

Mas aqui queremos ir direto para o mais indesejado de todos esses efeitos colaterais.

Engana-se quem acha que o maior problema é que demonizaram o sexo.

Não!

O pior de tudo é que dessacralizaram o sexo; ficaram quase vinte séculos sem falar que o sexo é sagrado!

Sim! Pela nefasta influência desses sequazes, o sexo deixou há muito tempo de ser considerado um dom sagrado, algo que a divindade colocou ao dispor do ser humano para que pudesse também – além de reproduzir-se e de bem manter a espécie – alcançar realizações supremas.

E por consequência de ter deixado de ser considerado sagrado pela religião – que, relembremos, durante muito tempo teve extrema influência sobre a vida das comunidades – o sexo pôde ser considerado, pelas pessoas comuns, como um entretenimento.

Pôde ser considerado uma diversão, um jogo, um campo da vida humana no qual estamos todos justificados se quisermos inventar mil e uma artimanhas, usar representações jocosas, ou proferir desqualificações imbecis.

Pelo mesmo motivo também, estamos justificados se quisermos praticar o sexo de qualquer jeito, alcoolizados, drogados, desequilibrados emocionalmente, fisicamente cansados, etc.

Assim como também estamos justificados se o quisermos usar como moeda de troca, para satisfazer as nossas tendências mais egoísticas, ou como modalidade de performance, também para satisfazer as nossas mais infantis tendências egocêntricas.

Esse padrão de sexo, totalmente desqualificado e descrito nos parágrafos anteriores, é o que chamamos de subsexo.

Subsexo é um nome especial para um estágio muito baixo do sexo.

É uma degradação do estágio mais baixo, mais rudimentar da categoria sexo misturado ou sexo comum, a qual por sua vez, é a mais inferior dentre as quatro grandes categorias de sexo que estudaremos.

G – O círculo vicioso

O ser humano comum, que na esmagadora maioria das vezes pratica o sexo misturado ou sexo comum – ou até mesmo o subsexo – está condenado a viver dentro de um círculo vicioso.

Vejamos como as coisas se passam.

Lembremos que no post Sexo e Sexualidade, examinamos as principais funções do sexo na vida humana

Dentre elas, verificamos uma das funções naturais: a Limpeza Psíquica.

Dissemos lá que, para algumas pessoas, a função da Limpeza Psíquica era necessária quase que diariamente; para outras, semanalmente; e assim por diante. Lembra-se?

Pois bem: algumas pessoas vivem de modo a produzir, nelas mesmas, muita sujeira psíquica.

E fazem sexo de modo a obterem pouca limpeza dessa quantidade de sujeira.

Conclusão?

Precisam de limpeza quase que diariamente.

É mais ou menos como estarmos com muita fome, e comermos um alimento de muito baixo poder nutritivo.

Já já estaremos com fome novamente!

Essa é a situação do círculo vicioso em relação ao sexo na vida das pessoas.

Passemos agora, então, a estudar os quatro níveis de sexo.

H – O sexo misturado ou sexo comum

sexo misturado ou sexo comum é, em maior ou menor grau, ou seja em suas graduações, o sexo que a esmagadora maioria das pessoas experimenta em suas vidas, e na maior parte do tempo.

Como um resumo, podemos dizer que o sexo misturado ou sexo comum se destaca por ser um sexo misturado com coisas que não são, propriamente falando, advindas do sexo, do centro de inteligência do sexo.

São muitas as coisas que se misturam ao sexo. Falemos aqui apenas dos grupos mais importantes.

  • Fantasias – comecemos nos dando conta da enorme força que as fantasias têm na vida sexual das pessoas. Para se ter uma ideia dessa força, basta lembrar que há toda uma indústria que vive disso. E o pior é que muitas pessoas, senão a maior parte delas, não conseguem nem supor que seja possível uma vida sexual plena sem fantasias! E então elas passam as suas vidas praticando o sexo, seja nas preliminares seja no intercurso, fantasiando, isto é, imaginando coisas de conteúdo sexual que não estão acontecendo aqui e agora, durante o sexo.
  • Devaneios – aqui trata-se de fazer sexo com a cabeça pensando na morte da cabrita como se diz, ou seja, pensando em qualquer outra coisa que não seja o que se está vivendo aqui e agora. Exemplos: pensando na conta para pagar, na criança que pode acordar, nas coisas do dia que passou ou do dia que virá, etc.
  • Interesses – é difícil falar sobre isso, mas as pessoas normalmente não compreendem, ou se esquecem disso com muita facilidade, que grande parte do sexo feito no mundo humano é feito por interesse. Fazer sexo por interesse não é apenas cobrar pelo sexo; esse caso é pouco representativo, percentualmente falando. Mas é fazer sexo intencionando alguma vantagem pessoal, seja ela social, econômica ou de outro tipo. Exemplos: para agarrar a namorada ou o namorado, ou seja, favorecer as chances de uma relação mais duradoura, quando não de um casamento; fazer sexo porque o outro, o parceiro ou a parceira, quer sexo agora, e ele ou ela tem os seus direitos; para poder exibir a conquista perante os amigos ou as amigas; para ficar bem com o parceiro ou a parceira, e poder passar a gozar da boa vontade dele ou dela em assuntos que são do nosso interesse; etc.
  • Conteúdos Emocionais – é praticar o sexo estando vivendo conteúdos emocionais diversos. Não importa se tais conteúdos são favoráveis ou contrários a se praticar o sexo aqui e agora. Em qualquer caso, são conteúdos estranhos ao sexo em si. Exemplos: por ciúme, medo, paixão, ressentimento, com críticas veladas, etc.
  • Inibições – advindas de conceitos sobre o que é certo ou errado fazer; ou sobre o que está certo ou está errado com o seu próprio corpo, ou com o corpo do parceiro ou da parceira. Ou ainda inibições advindas de conceitos sobre diferenças de classe, ou diferenças de nível cultural, etc.

Às vezes como causa e às vezes como consequência, o sexo misturado ou sexo comum ocorre muito frequentemente com a pessoa errada ou na hora errada.

E devido à falta de grande atração natural, ou de boa disposição no momento, as pessoas lançam mão das fantasias, dos fetiches, dos estimulantes, do álcool, das drogas, etc.

No sexo misturado todos esses tipos de coisas, e muitas outras coisas mais, estão sempre presentes; o que varia é o grau com que se apresentam, isto é, a variedade de coisas estranhas, e a intensidade com que elas são vividas, num dado episódio sexual.

I – O sexo qualificado ou sexo natural

sexo qualificado é o sexo praticado numa condição emocional de tal natureza que nela, nessa condição, não são possíveis emoções de baixa qualidade.

Falamos sobre emoções de baixa qualidade no post Base Emocional e Sofrimento Humano.

Aqui queremos acrescentar que o sexo qualificado, como consequência de ocorrer na condição emocional apropriada, é feito sempre com a pessoa certa e na hora certa.

  • Com a pessoa certa quer dizer: as pessoas que estão fazendo sexo, além de sentirem boa disposição sexual no momento, sentem, cada uma por si, que essa boa disposição sexual pode ser exercida com quem está ali, diante de si agora. Não há nada que impeça, não há rejeição, não há desinteresse, não há indiferença. Ao contrário, à menção ou à insinuação de que haverá o início do ato, seja das preliminares seja do intercurso em si, cada pessoa se abre mais, se excita mais, se oferece mais e se aproxima mais. Esse fato, por si só, torna obsoletos muitos dos penduricalhos presentes no sexo misturado.
  • Na hora certa quer dizer: as pessoas envolvidas estão bem disponíveis para o sexo agora; estão descansadas, com boa disposição física e sem qualquer empecilho de saúde; estão sem muita fome, nem estômago cheio; estão asseadas e com tempo e com cabeça para isso, como se diz; estão num estado emocional apropriado: sem pressa, sem medo, sem preocupações, sem desconfiança e sem nada para desconfiar; estão se sentindo bem no local onde se encontram: não estão inseguros de entrar alguém, de serem ouvidos indevidamente, etc.

Nesse contexto, ou seja, o do sexo feito na hora certa e com a pessoa certa, se há a interferência daqueles elementos misturados citados no tópico anterior – fantasias, devaneios, conteúdos emocionais, inibições, etc. – tal interferência é de tão pouca magnitude, que não chega a afetar a qualidade do sexo em curso.

sexo qualificado é, de certa forma, o sexo natural.

Mas há tantas condições a serem satisfeitas – tantas coisas que precisam estar reunidas num único momento – que ele acaba tornando-se pouco provável de ocorrer por acaso, particularmente no mundo moderno, e na vida das grandes cidades.

As pessoas precisam diligenciar – tomar precauções, tomar providências, zelar, planejar, etc. – para que o sexo qualificado ocorra.

Podemos dizer que, embora não seja ainda um sexo consciente, o sexo qualificado é, com toda a certeza, um sexo premeditado.

Mas a característica mais importante, e da qual tudo o mais é consequência, é a condição emocional das pessoas envolvidas: é o melhor nível de ser delas, do ponto de vista emocional.

J – O sexo consciente

É um nível bem alto de sexo. Raramente ocorre na vida das pessoas, mesmo ocasionalmente.

Aqui estão satisfeitas todas as condições citadas no tópico anterior. Está totalmente livre dos penduricalhos do sexo misturado, e ocorre numa condição emocional ímpar, da parte das pessoas envolvidas, queremos dizer.

Mas este nível de sexo, o sexo consciente, está ainda um degrau além.

Se não estão presentes todas aquelas belezuras citadas, qual é então o conteúdo do sexo consciente?

Quais são as coisas que passam pelo espírito da pessoa que está praticando o sexo nesse nível?

Do que a sua consciência se dá conta durante o episódio sexual?

  • Das percepções dos aromas, das temperaturas, das texturas e dos movimentos ou micromovimentos do seu próprio corpo, e do corpo do parceiro ou da parceira; e também dos tecidos e dos revestimentos do local onde se está;
  • das percepções de todos os sons ao redor, e das respirações, dos murmúrios, gemidos e demais sons guturais – porque praticamente não há frases conexas – emitidos pela própria pessoa e pelo parceiro ou parceira.
  • E das sensações de prazer advindas das descargas elétricas na pele e nos pelos do corpo; e advindas dos movimentos da corrente sanguínea, da pulsação sentida em partes específicas do corpo ou pelo corpo todo;
  • e ainda das sensações de prazer vindas agora dos espasmos da musculatura – pequena, média, grande, lisa ou estriada; e das sensações vívidas das mucosas do próprio corpo – mucosa da boca, da glande do pênis ou dos lábios da vagina, e das paredes internas da vagina, etc.
  • E há ainda a percepção das energias circulando por todo o sistema nervoso do próprio corpo – e muitas vezes pelo corpo do parceiro ou da parceira, de forma tão forte que conseguimos perceber – seja na medula, no períneo, na testa ou na fronte, nas bochechas, na nuca e no alto da cabeça, nas panturrilhas, no baixo ventre, etc.
  • No meio de tudo isso, o tempo parece que está parado, ou melhor, parece que está andando em câmera lenta.

Tudo isso ocorre e pode ocorrer de modo estável – e se apresentar em todos os episódios sexuais – porque o sexo consciente é o sexo praticado por pessoas que já desenvolveram em si, ao menos em parte, a sua potência mental, conforme vimos na parte deste site Meditação SCSC.

K – O sexo divino ou sexo supra consciente

O nível de sexo que estamos chamando de sexo divino, ou sexo supra consciente, está muito além, muito além mesmo, do que foi descrito no tópico anterior; está muito além do sexo consciente.

O episódio sexual começa como no caso do sexo consciente.

Mas devido ao nível de existência das pessoas envolvidas, e também devido a outros fatores, alcançam-se realizações muito superiores àquelas do sexo consciente, alcançam-se as chamadas realizações supremas.

Naquele, no sexo consciente, o clímax, a satisfação e o consequente final do processo, chegam bem antes dessas realizações supremas.

No nível do sexo divino, ou supra consciente, todas as percepções e sensações descritas no tópico anterior funcionam como o alicerce, ou como o fundamento, sobre o qual surgirão as realizações muito superiores, as quais quando se instalam, tomam o lugar daquelas sensações e percepções.

Sobre essas realizações supremas não nos é possível – nem a nós nem a ninguém – expressar em simples palavras e num texto curto como esse aqui.

Mas quando as vivenciamos, ficamos absolutamente convictos de que são realizações sobre-humanas, realizações que estão muito acima das nossas vivências humanas comuns.

Estão além, inclusive, daquilo que geralmente podemos sequer imaginar como coisas possíveis de nos ocorrerem; quanto mais de nos ocorrerem como decorrência da prática sexual.

L – O ciclo virtuoso

Já falamos alguns tópicos acima sobre o círculo vicioso: o fato de a maioria dos seres humanos passarem a sua vida fazendo sexo apenas para a limpeza psíquica.

É como enxugar gelo! A coisa não acaba nunca!

E sabe o que é pior?

Quando estamos fazendo sexo apenas sob a pressão da função Limpeza Psíquica, poucas chances nos sobram para fazermos sexo visando o prazer; ou melhor, para fazermos sexo visando altíssimos níveis de prazer, níveis que são necessários para o alcance do divino, o alcance da transcendência pela via sexual.

Mas quando contemplamos os níveis mais altos de sexo descritos acima – nomeadamente, o sexo qualificado e o sexo consciente – as nossas chances começam a aumentar vertiginosamente.

A pressão sobre nós para fazermos sexo sob a exigência da Limpeza Psíquica diminui grandemente.

E surge para nós então a possibilidade de fazermos sexo com uma mão no jogo muito maior.

  • Podemos então fazer sexo premeditadamente;
  • mais que isso, intencionalmente;
  • mais e melhor ainda, conscientemente.

Estaremos então nos adentrando e evoluindo num ciclo virtuoso:

quanto mais evoluímos, mais facilmente podemos evoluir.

M – Conclusão: círculo vicioso ou ciclo virtuoso?

Neste post consideramos os vários níveis de sexo que podemos praticar em nossas vidas.

E acabamos ficando frente a frente com uma dupla possibilidade:

  • vivermos indefinidamente – até o fim dos nossos dias – dentro de um círculo vicioso, ou
  • entrarmos e nos mantermos para sempre num ciclo virtuoso.

Deve ter ficado bastante claro para cada um, que a escolha é nossa: apenas e somente nossa.

O caminho que sobe é o mesmo caminho que desce, princípio tradicional muito importante, e que podemos ver, muito claramente, ilustrado na imagem no topo deste post.

 

E quanto a você? Percebeu a inexorável dupla possibilidade quanto ao sexo em nossa vida? Sente-se cheia ou cheio de coragem para começar a buscar níveis superiores de sexo? O casal sente-se pronto para iniciar essa busca desde já?

 

Entre em contato agora: escreva um e-mail para euclides@grupodecasais-busca-scsc.org

 

Foto: Christopher Burns

 

2 comentários

  1. Muito interessante essa abordagem sobre sexualidade! Uma questão me ocorre. O mundo está mudado e mudando, tornando-se mais complexo, com expressões de diversidade, incluindo o campo das identidades de gênero. Ao que parece, a humanidade não mais se divide simplesmente em masculino e feminino. Em Nova Iorque, mais de 30 diferentes gêneros foram identificados. Qual a relação entre sexualidade e identidade de gênero?

    1. Olá, cara Marina de Mazi! Obrigadíssimo pela pergunta. Ela nos permitirá esclarecer várias coisas de nossos textos.

      Sexo e Sexualidade
      No primeiro post desta parte do site, intitulado Sexo e Sexualidade, fizemos “uma distinção entre as palavras sexo e sexualidade”. Aqui vamos usar essas duas palavras no sentido que citamos lá. Só para relembrar:

      “Sempre que usarmos a palavra sexo estaremos nos referindo:
      a) ao fenômeno exterior a nós, ao sexo nos humanos em geral, ao sexo nos outros. É como falarmos do fenômeno da digestão ou da respiração: estamos falando em geral, não da nossa digestão ou da nossa respiração; ou
      b) ao ato sexual em si, ao coito, à relação sexual.

      “Sempre que usarmos a palavra sexualidade estaremos nos referindo à nossa sexualidade, ou seja, à nossa particular sexualidade, ao modo como nos comportamos e nos situamos frente a todas as demandas e possibilidades do sexo, no nosso caso particular, ou no caso de uma dada pessoa em particular.”

      Em função da distinção citada, vamos responder à sua pergunta em duas frentes: a da relação entre a sexualidade e a identidade de gênero, e a da relação entre o sexo e a identidade de gênero, ok?

      Relação entre sexualidade e identidade de gênero
      Ainda no post acima citado, falamos sobre a nossa herança sexual, a nossa sexualidade natural, a nossa sexualidade individual e, eventualmente, a nossa identidade sexual.
      Tudo o que falamos lá, sem tirar nem pôr, serve para qualquer identidade de gênero. Qualquer uma, sem exceção.
      Portanto do ponto de vista da sexualidade, não vemos nada digno de nota com qualquer das opções sexuais. Nada em especial a comentar. Em outras palavras, do ponto de vista da sexualidade e de seu desenvolvimento, todas as opções sexuais, ou todas as identidades de gênero, estão na mesmíssima situação.

      Relação entre sexo e identidade de gênero
      Sobre o tema deste tópico há várias coisas que podemos falar. Vamos pois dividi-lo em subtópicos.
      1) Por muito tempo na história da humanidade, houve diversidade de práticas sexuais (heterossexualidade e homossexualidade, por exemplo), sem que houvesse diversidade de gênero. Os historiadores nos informam que na Grécia antiga a prática do sexo entre pessoas do mesmo sexo era comum – particularmente nas classes sociais mais elevadas – sem que isso implicasse que os praticantes se considerassem como sendo de gênero sexual diferente. Essa questão de identidade de gênero não existia ali.
      2) Este site e o Instituto estão o tempo todo interessados no tema central da busca interior. Desse ponto de vista, a questão da identidade – não apenas da identidade de gênero, mas de qualquer tipo de identidade – sempre suscita a seguinte questão: identidade da personalidade ou identidade da essência? A grande maioria das estatísticas disponíveis sobre a questão da identidade de gênero apontam para um fato constante. A variedade de identidade de gêneros é maior – assim como também o são os índices percentuais sobre a população total – no caso das pesquisas feitas nas grandes cidades, em comparação com as pesquisas feitas nas cidades menores. E o que isso significa? Que há muita identidade de personalidade neste fenômeno. (Como de resto em todos os fenômenos de identidade). E, lembremo-nos sempre, o trabalho interior, a busca interior refere-se ao novo desenvolvimento da essência. É na essência que estamos interessados.
      3) No conteúdo do atual post – Níveis de Sexo – falamos em quatro níveis: sexo comum, sexo qualificado, sexo purificado e sexo transcendental. Sobre os três primeiros níveis citados não temos dúvida de que podem ser praticados por qualquer pessoa, ou seja, por pessoas de qualquer identidade de gênero. Desde que, é claro, dentro das condições descritas no texto do post.
      4) Mas temos dúvida quanto à possibilidade da ocorrência do sexo transcendental entre pessoas do mesmo sexo, ainda que se preencham as demais condições citadas no texto do post. Veja bem: estamos dizendo que temos dúvida; não estamos afirmando nada. E nossa dúvida se justifica pelo que vamos expor a seguir.
      5) Sabemos que na constituição física de uma mulher já adulta há ligações neurológicas entre uma região da parte posterior da sua vagina e um ponto bem específico no fundo do seu peito; atrás do coração, junto à medula. E sabemos também que, no decorrer de um coito, particularmente se este tem duração e excitação suficiente, o toque do pênis do homem naquela região da vagina ativa, por assim dizer, aquelas ligações neurológicas. Os efeitos de tal ativação, juntamente com uma série de outras condições, são pré-requisitos para que ambos possam viver as experiências que chamamos de sexo transcendental. Ainda devido à anatomia da mulher, o sexo anal, a depender muito da posição em que a mulher se coloque, também pode estimular aquela região citada.
      6) Voltamos a insistir: não sabemos se tais efeitos podem ser produzidos mediante outras formas de sexo – que não o sexo, com penetração, entre um homem e uma mulher. Também não sabemos se podem ser produzidos mediante o uso de acessórios, etc. Mesmo em se tratando de um homem e uma mulher, e até onde sabemos, a estimulação clitoriana, a massagem vaginal e o sexo oral, ainda que muito prazerosos e que levem a orgasmo bem forte, não são capazes de produzir os fenômenos a que estamos nos referindo.

      Faltou algo?
      Querida Marina de Mazi, sua pergunta comporta muitas possibilidades de resposta. Procuramos aqui dizer o essencial, dentro do que consideramos serem os eixos da sua indagação. Caso tenha faltado algo importante, por favor, responda a esse nosso comentário, ok? Abraço grande!

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