A – Potência mental: em que consiste e como desenvolvê-la?

No post Estrutura e Funções do Ser Humanoapresentamos uma imagem representando a estrutura geral do ser de um homem, ou seja, de um ser humano.

Lá falamos em quatro grandes partes, a cobertura e as três bases: a base bioenergética, a base emocional e a base mental.

Aqui, nesta parte do site, vamos tratar da base mental.

Como já dissemos – em mais de um local aqui no site – o ser humano comum não tem as suas três bases bem desenvolvidas. Elas funcionam, sempre, muito abaixo de como poderiam e deveriam funcionar.

base mental do ser humano comum não é exceção a isso.

Funciona também de modo bastante precário: não tem força, não tem potência.

E desde já, estabeleçamos como uma meta para nós, uma meta a ser alcançada por todas aquelas pessoas que querem fazer um trabalho sobre si mesmas: alcançar a potência mental.

Lembremos que alcançar a potência mental tem duplo efeito.

De um lado, torna a nossa vida cotidiana muito mais fácil, muito menos complicada, uma vez que estaremos contando com uma mente muito mais competente para enfrentar os desafios, os problemas e as oportunidades que a vida nos coloca.

De outro lado, torna mais possível para nós o acesso ao Nosso Ser Maior, cobertura do nosso ser, da qual também já tratamos em vários pontos do post acima citado.

Lembremos também que o acesso à cobertura requer, além da potência mental, também a potência emocional e a potência bioenergética.

Para que possamos alcançar a nossa meta, ou seja alcançar a potência mental, primeiramente temos que responder a duas grandes perguntas:

  • em que consiste exatamente a potência mental?
  • que método podemos usar para desenvolvê-la?

O objetivo do presente post é responder às duas perguntas acima.

B – Áreas da base mental

A primeira pergunta que queremos responder é: em que consiste exatamente a potência mental?

Para bem responder a essa pergunta, será conveniente estudarmos as áreas, ou as grandes funções, que se relacionam com a base mental, com o mundo mental em nós.

Vamos pois, nos próximos tópicos, estudar um pouco sobre o pensamento, a memória e outras áreas relevantes do mundo mental.

C – O mundo mental e o pensamento

No post já citado, relacionamos os vários aspectos que fazem parte da base mental, ou seja, do nosso mundo mental:

  • as percepções,
  • os conceitos,
  • a nossa visão de mundo,
  • a força de concentração,
  • as crenças,
  • as imagens com que representamos o mundo para nós,

E citamos, de passagem, o fato de que o nosso pensamento pode ocorrer em vários níveis.

Vejamos isso mais de perto agora.

O nosso pensamento pode ocorrer em quatro níveis – cada um deles com subníveis. Os quatro níveis são:

  • Pensamento associativo

É o primeiro e o mais básico nível dentre todos os tipos de pensamento.

Alguém fala uma palavra qualquer e outras palavras logo vêm à nossa mente.

Como disse o poeta, “eu tomo uma Coca-Cola, ela pensa em casamento”.

É automático, depende apenas das associações que já se fizeram no passado, quando aquela palavra gatilho esteve presente.

Nem se poderia chamar isso de pensamento, mas na esmagadora maioria das vezes este é o nível de pensamento que os seres humanos realizam.

Por favor, leia bem – sem reagir – e depois reflita sobre a seguinte afirmação:

    • noventa porcento da vida humana é baseada neste tipo de pensamento!

Isso inclui as decisões políticas, as decisões empresariais, decisões sobre a nossa carreira, nossas decisões em negócios, saúde, amores, vida familiar, etc.

  • Pensamento lógico

É o segundo nível de pensamento.

Sabemos que você acha que todos expressamos um pensamento lógico o tempo todo. Mas isto é um grande engano.

O pensamento lógico é raro; ele depende de esforço nosso. O nosso automatismo nos leva para o pensamento associativo.

Só conseguimos escapar, por assim dizer, do pensamento associativo, e nos manter no nível do pensamento lógico, se estamos com certo nível de atenção, com certo controle da atividade do nosso mental.

Falamos antes em subníveis; no caso do pensamento lógico, não só não temos esse tipo de pensamento como, quando resolvemos tê-lo, e nos esforçamos para isso, não conseguimos ir além do primeiro subnível dele.

É fácil comprovar o que estamos dizendo: pegue um bom livro de Lógica e veja os exercícios que ele propõe. Geralmente os autores classificam esses exercícios, as proposições que eles trazem, em proposições fáceis, intermediárias e avançadas.

Tente dez proposições intermediárias; dificilmente conseguirá realizar e acertar mais do que três!

Sabemos também que você poderá dizer: “é porque não tenho prática!”. É justamente isso o que estamos dizendo!

  • Pensamento analógico

Sobre este nível de pensamento, e sobre o próximo, fica ainda mais difícil falarmos.

Voltemos ainda ao pensamento lógico para termos onde nos apoiar.

Os subníveis mais altos do pensamento lógico lidam com proposições complexas e, geralmente, do tipo indutivas.

O raciocínio indutivo, você sabe, é aquele tipo de raciocínio que vai do particular para o geral.

Ele é muito mais difícil para a nossa mente porque ele exige, além da lógica, o cálculo de probabilidades.

Ele é tão mais difícil do que o raciocínio dedutivo, que há quem diga que a lógica indutiva nem deveria ser considerada no campo da lógica; ou deveria ser considerada como um outro tipo de lógica.

Seja como for, o que queremos que você entenda é o seguinte: o nível mais alto da lógica indutiva está quase junto ao pensamento analógico.

Este último trabalha por comparação de muitas características ao mesmo tempo, mas só com as características relevantes ao tema.

pensamento analógico – ou o pensamento por parábolas – é o pensamento que cria a analogia; depois de criada, ela pode ser interpretada por um pensamento comum, lógico ou até mesmo associativo.

Demos um exemplo de analogia no post Processo da Transformação Emocional, quando comparamos a anatomia do nosso mundo emocional com o serviço dos correios.

O Novo Testamento da Bíblia está repleto de parábolas; elas aparecem também nas escrituras de várias outras tradições.

  • Pensamento simbólico

É o nível de pensamento mais alto de todos. É mais difícil ainda falar dele.

Também aparece muito em livros sagrados: na Bíblia, no Mahabharata, etc.

Para facilitar, vamos acrescentar que o pensamento simbólico trabalha com mitos símbolos.

Exemplos de mitos: o mito da criação do mundo, mito de Adão e Eva, mito do Dilúvio, todos do Velho Testamento; toda a mitologia grega, etc.

Exemplos de símbolos, no caso aqui geométricos: a estrela de seis pontas, das tradições hebraica e hindu; o eneagrama, das tradições babilônica e egípcia.

Lembra-se que, no post Estrutura e Funções do Ser Humano, falávamos sobre a estrutura e o funcionamento do nosso ser, e dissemos que há partes inferiores partes superiores? Pois bem:

    • pensamento analógico depende do pleno funcionamento da parte mais altado nosso mental inferior – o mental das nossas partes inferiores;
    • pensamento simbólico através demitos depende do pleno funcionamento de uma das nossas partes superiores;
    • e o pensamento simbólico através desímbolos depende do pleno funcionamento de outra das nossas partes superiores.

Tudo o que falamos nesse tópico foi apenas para dar uma ideia do que é – e do que pode vir a ser –  o nosso pensamento.

E isso porque o pensamento é um dos aspectos ou uma das áreas do nosso mundo mental e, consequentemente, da nossa possível potência mental.

D – O mundo mental e a memória

A memória também é um aspecto – área, propriedade ou função – do nosso mundo mental.

A qualidade da nossa memória também depende do nível de funcionamento desse mundo mental.

Se buscarmos a potência mental – e formos bem-sucedidos nessa busca – a nossa memória também deverá melhorar muito em qualidade. Falemos um pouco mais sobre isso.

Às vezes, temos dificuldade para nos lembrarmos de fatos que ocorreram conosco no dia de ontem!

Outras vezes, nos lembramos de algumas coisas, mas lembramos de modo muito débil, sem nitidez, apagado; ou ainda, a lembrança não compõe um filme completo: é um filme ‘picotado’, cortado, faltando pedaços…

O mesmo ocorre com acontecimentos da nossa vida ocorridos há uma semana, há um mês, seis meses, um ano, etc.

É claro que há grandes variações essenciais – vindas da essência queremos dizer – entre as pessoas:  umas lembram-se melhor de imagens, outras de sons, outras de sensações cinestésicas, dos movimentos, etc.

Mas estamos tentando chamar a atenção aqui, neste tópico, para outra coisa: para o fato de que a nossa memória, de modo geral, é muito fraca!

Feche os olhos e considere a última semana que você viveu. Tente lembrar-se dela, instante a instante, desde o sétimo dia anterior até hoje. Você se lembra de bem pouca coisa, concorda?

Saber que aconteceu não é lembrar-se; por exemplo: se hoje é segunda-feira, posso saber que almocei na terça-feira passada, mas não me lembro da cena, da comida, de nada.

Sete dias são cerca de 110 horas que você passou acordada ou acordado! De quantas cenas você lembra-se bem? Somadas, não passam de duas ou três horas desse total! É muito pouco, concorda? Isso é uma medida da fraqueza da nossa memória.

Mas há mais!

Mesmo as lembranças que ficaram, não têm profundidade: são débeis, fracas, trazem poucos detalhes; não têm cor, não têm sons, nem odores, nem sabores. Numa palavra: não são lembranças vivas, lembranças vívidas!

Nos parágrafos acima estivemos falando da nossa memória relativa ao que vivemos nos últimos sete dias. E nos demos conta de que nos lembramos de um percentual muito pequeno daquilo que realmente vivemos.

E esse percentual vai diminuindo muito, à medida que consideramos um tempo maior para trás: um mês, seis meses, um ano, cinco anos…

E – Outras áreas relevantes do nosso mundo mental

Falamos até agora, neste atual post, sobre o pensamento e a memória. Foram pinçados por nós como dois exemplos do baixo nível de funcionamento do nosso mental.

Mas há outras funções em que podemos melhorar muito! Vamos comentar rapidamente cada uma delas:

Percepção

Todos sabemos que a nossa percepção da realidade pode sofrer variações. Ouvimos falar disto o tempo todo. Mas o importante é de fato observarmos isto em nós.

Quando temos bem desenvolvido em nós o poder de nos observar, nos damos conta do quanto a nossa percepção é falha, de quantas peças ela nos prega.

Além disso, mesmo quando é razoável, a nossa percepção é sem vida: é sem cor, sem som, sem cheiro, sem brisa, sem temperatura. É uma percepção sonolenta.

Conceitos

A nossa percepção é falha, em parte, porque percebemos tudo com as lentes dos nossos conceitos arraigados.

Não percebo simplesmente o mundo à minha volta; sempre o percebo tingido com as cores dos conceitos de que sou presa, e relativos à vivência em questão. Esse é um aspecto do tema conceitos.

Outro aspecto, é que eu mesmo nunca me dou conta de que ando com essas lentes que tudo distorcem.

E como não me dou conta desse fato, me identifico com todas as coisas que acontecem a mim ou ao meu redor.  Tomo-as como se, de fato, se referissem a mim, ao meu ser; quando na realidade essa referência é fictícia, e ocorre apenas devido à interveniência dos conceitos que carrego.

Concentração

A capacidade de concentração da esmagadora maioria dos seres humanos é lamentável.

No geral, as pessoas têm dificuldade de manter suas mentes concentradas num assunto qualquer por um tempo maior.

Mesmo quando estão fazendo algo de que gostam muito – jogando um jogo, vendo um filme, conversando sobre assunto no qual têm grande interesse – mesmo assim, a sua mente vagueia, vai para lá e para cá, perde o foco, perde o fio da meada; volta e meia precisa-se retomar o processo: “onde eu estava mesmo!?”.

Mesmo nas tarefas que requerem apenas média concentração, não conseguimos nos manter focados por, digamos, noventa minutos. Não conseguimos ficar, nesses noventa minutos, sem divagar, sem nos distrairmos, sem mudarmos de assunto.

Não conseguimos ficar sem começar a pensar na morte da cabrita, como se diz. Ou seja, não conseguimos ficar noventa minutos focados na tarefa, sem pensar em outros assuntos não relacionados a ela.

Linguagem

A linguagem é outra função relevante da nossa mente.

E a nossa linguagem é, para dizer o mínimo, de baixa qualidade.

Não estamos falando de gramática; estamos falando do significado das palavras e das expressões que usamos. Não nos damos conta de que cometemos verdadeiras barbaridades no nosso uso da linguagem, a saber:

    • usamos uma mesma palavra em sentidos diferentes, às vezes quase antagônicos entre si e, às vezes, numa mesma fala, ou até mesmo numa mesma frase;
    • usamos muitas palavras, a grande maioria, sem nos perguntarmos o real significado delas para nós. Quase nunca definimos, à priori, o significado em que estamos usando uma palavra num dado contexto, para, só então, usá-la;
    • percebemos a maioria das palavras como algo estanque, algo que é contrário a alguma outra coisa qualquer, como se somente soubéssemos contar até dois. Raramente consideramos – e representamos, ainda que seja apenas para nós mesmos – que cada palavra comporta, em si mesma, várias gradações. Por exemplo, existem xícaras e xícaras; raramente clarificamos – ainda que seja apenas para nós mesmos, insistimos – de que ponto de vista estamos nos referindo a elas; de que tipo de xícara estamos tratando, de que qualidade, de qual aparência, para qual função, etc.

Resumindo e reiterando: a linguagem do ser humano comum, via de regra, é de baixíssima qualidade.

Esse é um dos significados do mito da Torre de Babel, o círculo da confusão de línguas.

Cada um fala uma língua diferente e, pior, uma língua que muda a cada momento.

Visão de mundo

A visão de mundo é outra das funções importantes da nossa mente.

A psicologia da Gestalt nos ensinou, a todos nós, que a nossa mente tende a completar o quadro: partindo de elementos diversos, ela tende a formar um todo.

Em se tratando dos assuntos mais importantes das nossas vidas, esse todo, ou melhor esse conjunto de todos – porque o homem comum forma um todo para cada campo separado da sua vida: negócios, amores, família, etc. – repetimos, esse conjunto de todos é o que podemos chamar de visão de mundo.

visão de mundo do homem comum – não importa se iletrado ou PHD, se rico ou pobre, humilde ou poderoso – é uma visão restrita, acanhada, estreita, curta.

Os todos, para ele, não se juntam em um só todo.

Além disso, cada todo específico só vai até ali, até a esquina: até os limites da sua família, ou do seu clã, do seu partido, quando muito do seu país.

F – Os vários métodos para elevar a potência mental

Até agora, neste post, estivemos descrevendo o quanto é frágil o mental do homem comum – isto é, do ser humano que não empreende um trabalho sério, com vistas à evolução do seu próprio ser.

A questão que se coloca agora é: como se pode sair dessa situação?

Ou seja: o que pode ser feito para que se transforme em realmente potente, o mental de um ser humano em particular? Em outras palavras ainda: o que você pode fazer para que você possa ter potência mental?

Há muitíssimos métodos que podem contribuir para isso. Vamos citar apenas alguns exemplos:

  • jogar xadrez ou qualquer outro jogo tradicional desenhado para desenvolver a mente;
  • estudar uma linguagem bem estruturada: lógica, matemática, etc.;
  • praticar exercícios diversos para a concentração mental;
  • exercitar-se no desenvolvimento da percepção;
  • fazer um curso de filosofia para ampliar a nossa visão de mundo;
  • passar a escrever ou a proferir palestras para melhorar a nossa linguagem;

Todos os métodos citados – com as suas inumeráveis técnicas e variações – e muitos outros métodos do mesmo tipo, têm entre si algo em comum: são métodos específicos; desenvolvem um aspecto ou função da mente, mas pouco ou nada fazem com relação aos outros aspectos ou funções.

Para desenvolvermos todos os lados mais relevantes, teríamos que nos dedicar por décadas ou séculos: alguns anos numa direção ou método; depois, outros anos em outra direção ou método, etc.

Uma vida não seria o bastante!

A situação seria sem solução se não houvesse um método global, ou seja, um método que alavancasse a qualidade do funcionamento do nosso mental a tal ponto que, a partir de então, pequenos esforços numa das direções – concentração, memória, pensamento, etc. – dariam resultados enormes; resultados a cento por um.

Felizmente, esse método global existe.

E ele se compõe de dois conjuntos de esforços: o estudo de um sistema avançado de ideias e a meditação.

Falemos mais sobre isso nos tópicos seguintes.

G – Potência mental: dois conjuntos complementares de esforços

Repetindo: podemos alavancar a qualidade do funcionamento do nosso mental, e isso através de dois conjuntos complementares de esforços, ou seja, dedicando-nos com afinco e prolongadamente:

  • na prática regular e competente da Meditação, e
  • no estudo de um sistema avançado de ideias.

A prática regular e competente da Meditação é tema que requer uma quantidade considerável de esclarecimentos e de orientações e reorientações.

Neste campo, geralmente faz-se uma enorme confusão.

Há tanta incompreensão e, ainda, tanta exploração indevida – de cunho econômico ou não – que precisamos escrever vários dos nossos posts, a fim de poder lançar uma luz que realmente comece a clarear um pouco o assunto.

Por isso, dedicamos os quatro posts seguintes dessa parte do site ao tema da Meditação.

Quanto ao estudo de um sistema avançado de ideias, vamos tratar disto já nos próximos tópicos.

H –  Sobre a expressão um sistema avançado de ideias

A palavra sistema é antiga. Já era usada na filosofia grega ou mesmo antes dela.

Modernamente, tomou grande impulso com a sua definição, e depois o seu uso bem difundido, no âmbito da ciência biológica. (Depois, a palavra foi encampada, também, pela ciência da computação; e por aí acabou tornando-se de uso generalizado).

Mas o sentido da palavra sistema na ciência biológica nos é muito caro, e nos será muito útil aqui.

Sistema, ali, significa um todo coeso, coerente – como aliás em qualquer outra aplicação da palavra – mas, acima de tudo, um todo orgânico. Ou seja: cada parte do sistema, se tocada, refletirá em todas, e em cada uma das demais partes daquele sistema.

Esse aspecto da palavra sistema nos importa muito, quando a aplicamos à expressão sistema de ideias.

Qualquer pessoa que queira desenvolver-se, em qualquer uma das grandes tradições espirituais da humanidade – com vistas a fazer um trabalho sobre si mesma – deverá estudar o sistema de ideias da sua tradição.

É claro, em cada tradição, você pode estar estudando ideias que estão mais próximas da fonte de conhecimento da tradição – mais próxima de seus primeiros mestres – ou estão mais longe.

É assim que se deve entender a palavra avançado, que usamos no título acima.

Sistema de ideias avançado quer dizer: sistema que está bem mais próximo das ideias originais da tradição.

Agora tentemos buscar compreender a outra palavra do título: a palavra ideia.

Não pense que compreender essa palavra, o seu real significado, é coisa que se possa fazer de modo automático, sem nos dedicarmos à uma reflexão maior.

Sim porque, rotineiramente, usualmente, às vezes damos à palavra ideia um significado muito restrito, muito acanhado, um significado que, na realidade, praticamente não lhe pertence.

Usamos a palavra ideia, muitas vezes, como sinônimo de conceito ou, o que é ainda mais restrito, como sinônimo de nome, do nome de alguma coisa.

Na linguagem corrente podemos fazê-lo, não há problema. Por exemplo: podemos dizer, a ideia de tijolo, a ideia de máquina, e assim por diante.

Mas a palavra ideia tem um escopo muito mais amplo. A palavra ideia tem um significado muito mais abrangente, muito além, sempre e necessariamente, do mundo que pode ser captado pelos assim chamados órgãos do sentido.

O significado de uma ideia, para cada ser humano, está relacionado com o seu mundo interior.

I – O papel do sistema: preparar e manter a mente propícia

No post Estudo das Ideias, falamos sobre uma visão de mundo formada por ideias desconexas e até contraditórias entre si, por um lado, ou formada por um sistema de ideias harmônico, uma linguagem exata, por outro.

O que queremos que você busque compreender aqui é o seguinte:

  • você pode ter a sua mente carregada com uma visão de mundo qualquer, que chegou a você fragmentada, vinda de origens diversas, de interesses diversos, de mentes de diversas qualidades, etc… Em maior ou menor grau, tal mentalidade – ou visão de mundo – carrega, como já dissemos, ideias desconexas e até contraditórias entre si. Mas, acima de tudo, carrega ideias que não só não ajudarão você, no seu caminho de busca, como, muitíssimo provavelmente, te atrapalharão; ou
  • você pode ter a sua mente carregada com um sistema avançado de ideias. Uma das características de um tal sistema é a precisão da sua linguagem. As ideias, aqui, têm um significado preciso, e não ficam mudando de significação a cada momento. Em tal sistema, não se aplica o mito da Torre de Babel, o do círculo da confusão de línguas. Outra característica, muito importante, é que, em tal sistema, há uma ideia central, em torno da qual todas as outras ideias orbitam; uma ideia central que faz, de todo o sistema, um sistema orgânico, harmônico e, acima de tudo, útil à sua busca interior.

Refletindo sobre o exposto no parágrafo anterior, pode-se facilmente chegar ao entendimento de que um sistema avançado de ideias desempenha, na sua mente, um papel similar ao de um arado.

Ou seja, o sistema prepara e mantém a terra – a sua mente – bem propícia para receber as sementes do Grande Conhecimento.

Essas sementes serão semeadas – ao longo da sua jornada de busca interior, no decorrer de todas as suas práticas e dos seus esforços junto ao grupodecasais-busca-scsc – pelo Grande Semeador, O Nosso Mui Misericordioso Pai Eterno Comum.

J – Um sistema cristão

Está dito no post Busca Sagrada Cristã Supra Consciente, que usamos uma linguagem cristã, estudamos um sistema avançado de ideias provindas da tradição cristã.

Também está dito lá que iremos muito a fundo no estudo deste sistema, no estudo dessa linguagem; que queremos ir à fundo na compreensão dos textos dos Evangelhos, sim, mas queremos ir mais longe: estudar ideias que possivelmente já circulavam na tradição antes de os Evangelhos serem escritos. Ideias que, muito possivelmente também, inspiraram algumas das passagens dos Evangelhos.

Aqui neste tópico, queremos falar uma palavra a mais sobre o fato de nos servirmos de uma linguagem cristã.

Qualquer que seja o movimento de busca interior – pessoas que se associam para buscarem, juntas, a realização do seu Ser – esse movimento há que se utilizar de uma linguagem.

As linguagens são desenvolvidas pelas tradições, dentro das tradições, pelos principais seres humanos que iniciaram e  influenciaram tal tradição.

Existem múltiplas tradições, cada uma com a sua linguagem; podemos citar as origens das mais importantes dentre elas, as de maior peso, digamos assim:

  • Há a tradição e a linguagem de origem na Índia, no vale do Rio Indo, há cerca de cinco mil anos. As ideias dessa tradição, quando escritas, geraram os Vedas e os seus Upanixades (comentários), e tudo o que veio a seguir: o Mahabaratta, o Bramanismo, o Budismo, e uma infinidade de outras correntes.
  • Há a tradição e a linguagem de origem egípcia, também muito antiga, e hoje pouquíssimo conhecida, e que influenciou, entre outros e já bem mais modernamente, os gregos: a escola de Hermes Trismegisto, Sócrates, Platão, Pitágoras, etc.
  • Há uma tradição, com a sua linguagem, de origem persa (Zoroastro ou Zaratrusta – Ashiata Shiemash?), cujos desenvolvimentos levou aos sufis, ao maometanismo e a outras correntes.
  • Há uma tradição e linguagem de origem hebraica – a Cabala e parte do Velho Testamento – que mantém ainda hoje a espiritualidade de todo um povo e que, entre outras coisas, influenciou o Cristianismo.
  • E há o próprio Cristianismo, cujas bases estão fincadas, por um lado, nos ensinamentos hebreus – o Velho Testamento, os Essênios, etc. – e, por outro lado, nos ensinamentos egípcios. A missa católica, bem como boa parte da mitologia evangélica, vem dos Mistérios egípcios.

Por que vamos usar a linguagem do Cristianismo?

Por duas razões muito importantes:

  • Em primeiro lugar, porque fomos criados, nós e a esmagadora maioria dos brasileiros, desde a infância, no meio dessa linguagem; temos as bases do nosso mundo emocional mais profundo, ou seja, do nosso sentimento, ligadas à essa linguagem.
  • E depois, porque temos ao nosso dispor o ensinamento trazido pelo Sr. Gurdjieff, na primeira metade do século XX. Este ensinamento renovou, aprofundou e elucidou muito sobre o Cristianismo. Não estamos falando aqui do Cristianismo depois dos primeiros grandes cismas religiosos, ou seja, depois dos séculos III e IV da nossa era. Mas sim do Cristianismo antigo: do século II – os padres do deserto; do século I – os Apóstolos e os mártires; dos Evangelhos, canônicos, não canônicos e apócrifos; dos Essênios; e das tradições orais anteriores. E esse ensinamento que o Sr. Gurdjieff – e seus três principais discípulos que nos deixaram textos de peso – nos trouxeram, está bem à nossa mão. É ensinamento recente, podemos ler os livros na fonte, podemos estudar a história do desenvolvimento da tradição, e fazê-lo de um modo muito mais palpável – afinal, faz apenas cem anos que tudo começou! E, além de tudo isso, mas não menos importante: o problema das traduções – sempre tão angustiante e nunca totalmente resolvível – é muito menor nesse caso. Etc…

K – Encontros para o estudo do sistema avançado de ideias

Por tudo o que falamos nos tópicos anteriores, o grupodecasais-busca-scsc contempla, entre as suas diversas atividades, o estudo do sistema avançado de ideias de que temos falado aqui.

Tal estudo transcorre nos moldes do que está dito no post Estudos das Ideias.

 

E quanto a você? Conseguiu situar-se no contexto geral do assunto deste post? Conseguiu se representar com clareza a situação do seu próprio mental? Como ele funciona em você normalmente? A quantas anda, em você, o desenvolvimento de cada área mental citada? Acha que, para você, esse assunto é importante? É realmente muito importante? Sente-se agora disposto, ou disposta, ao Estudo do Sistema de Ideias? Vamos começar?

 

Entre em contato agora: escreva um e-mail para euclides@grupodecasais-busca-scsc.org

 

Foto: RKTKN

 

 

 

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